Uma criança de 8 anos, vítima de discriminação racial, injúria e ameaça dentro do conjunto habitacional onde mora, em Praia Grande, no litoral de São Paulo, ficou “destruída e traumatizada” com a violência das agressões, ficou gaga e não quer se alimentar, disse a mãe Priscila Romão em entrevista concedida ao G1.

“Ele não está bem, não quer comer, não quer brincar e chora o tempo todo. Ele sempre falou tudo certinho, mas ficou totalmente gago”, contou Priscila, que registrou Boletim de Ocorrência (BO) na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na capital paulista.

De acordo com a mãe da criança, o caso aconteceu no último dia 13 de fevereiro, e o boletim foi elaborado na sexta-feira (18). Segundo ela, o pequeno Davi sempre foi comunicativo, gostava de brincar, e nunca “deu trabalho” a ela. Para proteger o menino, ela se mudou recentemente de São Paulo para Praia Grande depois que a filha de 17 anos foi assassinada. Os dois eram muito próximos, disse ao portal.

No domingo (13), Davi desceu para a área comum do conjunto habitacional onde mora, para brincar com outras crianças. Ao se aproximar do grupo, o pequeno foi vítima de preconceito racial por outras crianças e adolescentes.

O BO detalha as agressões racistas e preconceituosas, revelando que um adolescente de 12 anos teria afirmado que o Davi não poderia estar ali devido à sua “cor de pele preta”. O mesmo adolescente teria dito que chegaria até as vias de fato, caso a criança permanecesse ali.

O BO revela ainda que uma menina de 10 anos ofendeu a vítima chamando-o de “macaco, negro, horroroso e nojento”. E que um menino também de 10 anos disse para o Davi que aquele condomínio não é lugar para ele morar, “por causa da cor da sua pele preta”.

“Depois do episódio, o Davi se isolou numa parte escondida do condomínio, onde não tem iluminação nenhuma, e ficou sentado com a cabeça baixa e aos prantos”, relata a mãe.

“Não consigo aceitar como que ainda existem pessoas na face da Terra que conseguem cometer tamanha maldade com uma criança”, diz a mãe da criança.

Texto via CUT