Mãe Beth de Oxum: “A cultura está na centralidade das lutas políticas”
A Yalorixá pernambucana estará em encontro aberto na Nave Coletiva nesta quarta-feira (6), às 19h
Muitas vidas em uma, múltiplas linguagens para expressar os valores, desafios e encantos da cultura de matriz africana. A Yalorixá, artista, comunicadora e ativista e ícone da cultura popular de Pernambuco e de todo o Nordeste, Mãe Beth de Oxum, é uma força da natureza.
Em circulação por São Paulo a convite da Agência Solano Trindade, Mãe Beth já se apresentou no Aparelha Luzia, Organicamente Rango, Quilombaque e finaliza sua passagem pela capital paulista nesta quarta-feira, 06/04, às 19h, em encontro aberto com Roda de Coco de Umbigada, na Nave Coletiva, sede da Mídia NINJA. A casa funciona na Rua José Bento, 106, Cambuci.
Para participar, basta enviar nome e e-mail no inbox da Nave Coletiva, no Instagram.
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Embebida nas fontes da ancestralidade, ela está em total sintonia com as possibilidades tecnológicas do mundo contemporâneo, grande defensora da centralidade da cultura nas políticas públicas. A cultura como território e ferramenta de encantamento, de transformação, de criação de novos horizontes sociais e políticos.
Mãe Beth de Oxum é hoje, de fato, uma das principais lideranças dos movimentos sociais da cultura do Brasil. A cultura como território e ferramenta de encantamento, de transformação, de criação de novos horizontes sociais e políticos.
Por seu papel único, singular, foi a primeira ialorixá a receber, em 2021, o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural.
Moradora no Guadalupe, um dos bairros populares localizados na periferia do centro histórico de Olinda, Mãe Beth de Oxum cresceu no ambiente de fervilhante criatividade da cidade, onde estão as raízes de muitos movimentos e iniciativas que se tornaram fortes marcas artísticas. Convivendo desde criança com algumas das pessoas que contribuíram para tornar célebre o Carnaval de Olinda, ela mantém contato permanente, ao longo de sua trajetória, com protagonistas das manifestações enraizadas na cultura local e regional. Com muita ousadia e personalidade, sempre.
Desde da sua juventude, já se reconhecia como ativista da cultura popular dos terreiros, dos povos de matriz africana. Ela foi uma das pioneiras, por exemplo, em tocar Maracatu, quando a prática ainda era vetada para mulheres. A relação com o Coco é igualmente especial. Aprendeu muito com o Mestre Quinho e foi percussionista de Dona Selma do Coco e, também, de Lia de Itamaracá, a rainha da Ciranda nordestina.
A ligação com o Carnaval permanece forte. Em sua casa no Beco da Macaíba, um dos destaques para o visitante, logo que chega, é o boneco gigante que, aliás, é presente em todas as residências da vizinhança.
As grandes referências, éticas, estéticas e espirituais, são naturalmente de matriz africana, e em particular do Candomblé. Na sua casa funciona o Terreiro Ilê Axé Oxum Karê e também o Ponto de Cultura Coco de Umbigada, assim definido desde o auge do movimento Cultura Viva, sob a gestão de Gilberto Gil no Ministério da Cultura.
Com pés firmes na terra da ancestralidade, ela está muito atenta às possibilidades de expressão e comunicação da sociedade contemporânea. Sua casa é um campus vivo de experiências e inovações nesses campos. Nela funciona a sede da rádio Amnésia e do Laboratório de Tecnologia e Inovação Cidadã, onde são formados em média 150 jovens por ano, capacitados para utilizar os recursos das novas tecnologias de informação e comunicação, como ferramentas a serviço da cultura popular e da transformação social.
Com os seus filhos, Mãe Beth de Oxum desenvolveu um “game”, o Contos de Ifá, fundamentado na mitologia afro-brasileira. A ialorixá é assim. Coco, Maracatu, Carnaval, e também conectividade com a Internet, as novas mídias difundindo as cores, sabores e afetos da cultura de matriz africana. E assim, ela tece com muita habilidade a conexão entre coletivos de culturas comunitárias com coletivos de inovação tecnológica, artística e confrontação com o sistema dominante.
Para mais informações siga @navecoletiva
“A mudança para uma sociedade mais plural, mais diversa, está na mão das mulheres. Para ter não só uma cidade mais inclusiva, mas um país mais inclusivo, um planeta mais inclusivo, mais plural, mais diverso, a gente passa pelo protagonismo e empoderamento das mulheres” – Mãe Beth de Oxum