Lula propõe criação de Parlamento Amazônico
A questão amazônica será central nas atenções geopolíticas nos próximos anos, culminando na realização da COP30
Neste sábado, durante o encerramento da Reunião Técnico-Científica da Amazônia, realizada na cidade de Letícia, na Colômbia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso abrangente, propondo medidas para fortalecer a cooperação entre os países amazônicos. O evento, organizado pelo presidente colombiano Gustavo Petro, contou com a presença de líderes regionais e representantes de governos que fazem parte da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Lula destacou a importância de temas como a proteção dos povos indígenas, a promoção da ciência, tecnologia e inovação, a bioeconomia e o combate aos crimes transnacionais. Durante seu pronunciamento, o ex-presidente enumerou uma série de propostas e expectativas visando fortalecer a cooperação entre os países amazônicos.
Entre as medidas propostas por Lula estão a criação de um Fórum de Cidades Amazônicas e um Parlamento Amazônico. Segundo ele, é essencial valorizar o papel dos prefeitos, governadores e parlamentares, uma vez que a participação de quem conhece o território é fundamental para o desenvolvimento de políticas públicas eficazes.
Além disso, Lula anunciou a criação do Observatório Regional da Amazônia, que será responsável por consolidar e monitorar dados de todos os países amazônicos, orientando a formulação de políticas públicas. O objetivo é produzir boletins e alertas em tempo real sobre questões como secas, enchentes, chuvas, incêndios e contaminação das águas. O ex-presidente também propôs a formação de um comitê de especialistas da Amazônia, inspirado no Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) da ONU, para gerar conhecimento e fornecer recomendações embasadas na ciência.
Lula ressaltou a importância de fortalecer a OTCA, que reúne oito países amazônicos, abrangendo diversos temas, desde a proteção dos povos indígenas até políticas de saúde, turismo, infraestrutura e transporte, sempre considerando sua relação com o meio ambiente. O ex-presidente enfatizou que a Cúpula da Amazônia, marcada para agosto em Belém, será um momento crucial para direcionar esforços em prol do fortalecimento desse mecanismo regional.
Direitos na Amazônia
Durante seu discurso, Lula também abordou a necessidade de combater a fome na Amazônia, garantir acesso à saúde e enfrentar crimes, como a biopirataria e os delitos de fronteira. Ele mencionou a criação do Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia em Manaus, assim como a implementação de um Sistema de Controle de Tráfego Aéreo integrado, visando desmantelar as rotas utilizadas pelo crime organizado.
O ex-presidente brasileiro aproveitou a oportunidade para criticar os atuais espaços de governança global e reivindicar maior representatividade para os países com extensas áreas florestais. Lula argumentou que nações como Brasil, Colômbia e Equador, detentoras das maiores reservas florestais e biodiversidade, merecem maior participação em mecanismos internacionais de financiamento. Ele ressaltou a necessidade de levar em consideração a visão desses países em diversos fóruns internacionais.
A questão amazônica será central nas atenções geopolíticas nos próximos anos, culminando na realização da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em 2025, em Belém. Pela primeira vez, esse importante evento ambiental será realizado no bioma da floresta tropical. Lula destacou que a COP30 será uma oportunidade para o mundo conhecer a verdadeira Amazônia, além de ressaltar a necessidade de políticas para atender às necessidades da população que vive na região, especialmente nas áreas urbanas.
*Com informações da Agência Brasil