Lula promete “revogaço”, ministério indígena e autonomia nos territórios
Lula visitou o Acampamento Terra Livre, em Brasília. Mais de 7 mil indígenas participam da mobilização
O pré-candidato à presidência, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu compromissos com o movimento indígena ao visitar o Acampamento Terra Livre (ATL) nesta terça-feira (12). O dia é marcado pelo lançamento das pré-candidaturas de indígenas.
A Bancada do Cocar insurge para demarcar espaço na política, garantindo representatividade – sem intermediários – e para enfrentar no mesmo nível, projetos de lei que ameaçam a sobrevivência dos povos originários do Brasil.
Deputados de partidos progressistas participaram do evento e manifestaram apoio e solidariedade à mobilização indígena, mas o pronunciamento de Lula era mesmo o mais aguardado. O ATL reúne mais de 7 mil indígenas no Complexo Cultura Funarte.
Lula ouviu lideranças indígenas que apresentaram reivindicações ao pré-candidato do Partido dos Trabalhadores. Direcionando a Sônia Guajajara, da Coordenação Executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), uma das pré-candidatas à Câmara Federal, prometeu a todos os presentes que protegerá os territórios, uma das principais bandeiras da 18ª edição do ATL, que tem como lema a retomada do Brasil: “Demarcar Territórios e Aldear a Política”.
“Quero dizer para vocês, que se voltarmos ao governo, ninguém neste país vai fazer qualquer coisa em terra indígena sem que haja a concessão de vocês, a decisão de vocês, a concordância de vocês”, reforçou.
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Ele elogiou a resiliência dos acampados. “Estão aqui para lutar contra os decretos de lei, projetos de lei e para tentar convencer a Suprema Corte a não permitir que o Marco Temporal seja votado do jeito que querem os fascistas que estão no governo”.
Em um exercício de autocrítica disse que os governos do PT não fizeram tudo que deveriam ter feito: “mas certamente ninguém fez mais do que fizemos”. E o que é mais grave, praticamente tudo que fizemos foi desmontado”.
Por isso, prometeu um “Dia do Revogaço”. “Tudo que for decreto, terá que ser revogado imediatamente. A gente não pode permitir que aquilo que foi conquista da luta de vocês seja tirado por decreto daqueles que acham que podem acabar com nossa floresta e nossa fauna”.
E disse que depois, com base nos relatos e reivindicações indígenas, tinha tido uma ideia. “Se a gente criou o Ministério da Igualdade Racial, se a gente criou dos Direitos Humanos, se a gente criou o Ministério da Pesca, por que a gente não pode criar um ministério para discutir as questões indígenas?”
Ele assumiu compromissos e disse que está disposto a voltar a governar o país e em momento de descontração disse à Sônia Guajajara: “se prepare que você certamente será eleita deputada, então, também posso sonhar que vou ser eleito presidente da República.
Por fim, Lula disse que caso eleito, no primeiro mês fará uma reunião com o movimento indígena. “Será no mês de janeiro, o mês da construção de propostas que vão reconstruir este país”.
Compromissos registrados
As reivindicações indígenas estão em uma carta aberta do Acampamento Terra Livre, entregue ao pré-candidato.
“Este processo se inicia hoje, com esta Carta-Compromisso, e seguirá pelos próximos meses, e durante o seu mandato, até que em coletivo retomemos e reconstruamos o Brasil. Finalizamos esta declaração enunciando alguns compromissos que entendemos centrais para este diálogo, em defesa dos direitos fundamentais dos nossos povos que vêm sendo sistematicamente violados”, diz trecho do documento.
Dentre as demandas repassadas a Lula constam pedidos pela retomada dos espaços de participação e controle social indígenas, a reconstrução de políticas e instituições indígenas e interrupção da agenda anti-ambiental no Congresso Federal.
Para conferir na íntegra, clique aqui.
O Acampamento Terra Livre segue até o dia 14 de abril, reunindo povos e organizações de base de todos os lugares do país. Eles participam de plenárias e realizam atos em Brasília, afinal, uma das bandeiras mais urgentes é resistir a ameaças legislativas, como o PL 191, que tramita na Câmara Federal e caso seja aprovado, vai liberar garimpo e grandes obras em TIs, como as de hidrelétricas.