O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está confiante em relação ao futuro do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Em entrevista coletiva, durante a reunião de cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a UE, Lula afirmou que o Mercosul enviará uma contraproposta nas próximas duas ou três semanas. O presidente acredita que ela será aceita pelo bloco europeu, que já a aguarda há muito tempo.

“A Europa tinha feito uma carta agressiva. A carta que a Europa fez para o Mercosul era uma carta que ameaçava, com punição, se a gente não cumprisse determinados requisitos ambientais. E a gente disse, para a União Europeia, que dois parceiros estratégicos não discutem com ameaças, a gente discute com propostas”, disse Lula aos jornalistas.

O acordo entre a UE e o Mercosul foi concluído, em 2019, porém foi suspenso devido a preocupações sobre o desmatamento da Amazônia e o compromisso do Brasil com questões climáticas, marcado pelo negacionismo climático do governo Bolsonaro.

Desde a eleição, no ano passado, Lula tem se comprometido com a reformulação da política climática e com a meta de zerar o desmatamento na Amazônia até 2030. A Comissão Europeia propôs a inclusão de um anexo ao acordo para tratar as preocupações ambientais e aguarda, agora, a resposta do Mercosul.

Um dos pontos de destaque é a posição firme do Mercosul em relação ao controle das compras governamentais no acordo. Lula reforçou que esse aspecto é fundamental para o processo de reindustrialização do Brasil e reiterou a importância estratégica das aquisições governamentais para o país.

Apesar das discordâncias, em relação à carta adicional enviada pela UE, o presidente demonstrou otimismo ao afirmar que acredita na conclusão do acordo, ainda este ano, especialmente, durante a presidência brasileira do Mercosul. Ele ressaltou que a abordagem deve ser baseada em propostas construtivas e não em ameaças.

Além das questões comerciais, a cúpula entre a UE e a Celac foi marcada por tensões relacionadas à guerra entre Rússia e Ucrânia. Lula defendeu a criação de um grupo de países para promover a paz entre as nações e ressaltou a importância de convencer a Rússia e a Ucrânia de que o diálogo é a melhor solução para o conflito.