“Eu acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira. Não existe explicação aceitável do porquê a taxa de juros estar em 13,75%”, afirmou Lula

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante uma coletiva de imprensa na Itália, criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Para Lula, Campos Neto tem a intenção de prejudicar a economia brasileira. A afirmação veio após o Comitê de Política Monetária (Copom) decidir manter a taxa básica de juros em 13,75%. Lula considerou essa taxa irracional, especialmente diante de uma inflação de 5%.

Lula está em uma viagem pela Europa, onde já se encontrou com o Papa Francisco e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. Durante sua estadia, ele tem buscado apoio para pressionar os senadores a verificar se Campos Neto está agindo de acordo com a legislação, considerando a autonomia do Banco Central.

Em resposta, o Copom defendeu sua decisão de manter a taxa de juros, afirmando que essa medida tem sido eficaz no controle da inflação. O comitê destacou a necessidade de “paciência e serenidade na condução da política monetária”, sem fornecer indicações claras sobre futuras reduções da taxa de juros, o que prejudica a expectativa de investimento.

O mercado espera que a taxa de juros comece a cair a partir de agosto, mas a nota divulgada após a reunião do Copom não confirmou essa expectativa.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Centrais sindicais promoveram na terça-feira (20) um protesto em frente ao prédio do Banco Central (BC), na Avenida Paulista, na região central da capital, pedindo redução na taxa básica de juros. O grupo levou bandeiras e um carro de som, ocupando a calçada em frente ao edifício. Um cordão de policiais militares impediu a aproximação dos manifestantes da entrada do prédio.

Segundo o secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, a atual taxa básica de juros, de 13,75% ao ano, reduz a oferta de empregos, ao tornar os incentivos no mercado financeiro mais interessantes do que na produção.

“O trabalhador se prejudica em duas questões, na minha opinião: no emprego, porque com a taxa de juros alta não há investimento na produção, então, ele é desempregado. Com juros altos ele não pode comprar”, disse, comentando que o crédito mais caro também reduz o poder de compra da população.

Para o sindicalista, é preciso haver um equilíbrio entre a manutenção da atividade econômica e o controle da inflação. “Muita rigidez na questão da inflação, você acaba também levando o país a uma recessão. Então é fundamental que os técnicos entendam que momento nós estamos passando”, acrescentou para  a Agência Brasil.