“É preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam pacifistas e não fomentadores da guerra”, afirmou o presidente Lula durante sua visita ao Cairo, capital do Egito, nesta quinta-feira (15). Para Lula, a necessidade de uma reforma na governança global é urgente, especialmente no que diz respeito à representação no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).

A visita ao país vizinho à Palestina acontece em meio a ofensiva militar do exército de Benjamin Netanyahu a cidade de Rafah, a única e última cidade que restou dos bombardeios israelenses. Mais de 1,5 milhão de pessoas são agora consideradas refugiadas em seu próprio país.

Lula tem defendido uma representação mais adequada de países emergentes, especialmente da África e América Latina, no Conselho de Segurança da ONU. Atualmente, o Conselho é composto por Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, que têm poder de veto sobre suas decisões e um acúmulo de contradições e críticas.

Lula criticou a falta de intervenção eficaz da ONU em conflitos recentes, como a guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas. Ele destacou que Israel tradicionalmente não cumpre as decisões da ONU e lamentou a perda de vidas humanas, especialmente de mulheres e crianças, nos ataques.

“As últimas guerras que nós tivemos, a invasão ao Iraque não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a invasão à Líbia não passou pelo Conselho de Segurança da ONU, a Rússia não passou pelo Conselho de Segurança para fazer guerra com Ucrânia e o Conselho de Segurança não pode fazer nada na guerra entre Israel e Faixa de Gaza”, disse Lula.

Lula expressou solidariedade ao povo palestino e defendeu a criação de um Estado Palestino. Ele ressaltou a importância de um cessar-fogo imediato na região.

Durante sua estadia no Egito, Lula agradeceu ao presidente Abdel Fattah Al-Sisi pela colaboração na retirada de brasileiros e seus familiares da Faixa de Gaza, via Rafah, cidade palestina que faz fronteira com o Egito. Foram realizadas quatro missões de repatriação, resultando no resgate de 149 brasileiros e parentes próximos que estavam no conflito.

Além disso, Lula participou de reuniões bilaterais com o presidente egípcio e assinou acordos nas áreas de agricultura, ciência e tecnologia. Ele ainda está programado para se encontrar na sede da Liga dos Estados Árabes antes de embarcar para Adis Abeba, capital da Etiópia, onde participará como convidado da Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana nos próximos dias 16 e 17.