Livres e diversas: as mulheres incríveis que encontramos na Caminhada de Lésbicas e Bissexuais de SP
Mães, apaixonadas, curiosas. Quem são as personalidades que marcharam na Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais em 2019. Conversamos com algumas delas enquanto caminhávamos juntas nas ruas da capital paulista. Leia alguns perfis para inspirar.
Por Andréa Pereira
São vários rostos, diversas vozes e uma causa: respeito. A Caminhada das Mulheres Lésbicas e Bissexuais, que em 2019 chegou à sua 17a edição, é realizada tradicionalmente na véspera da grande Parada LGBT em São Paulo. São mulheres com os mais diferentes desejos e conversamos com algumas delas enquanto caminhávamos juntas nas ruas da capital paulista. Vamos conhecê-las melhor? Abaixo trazemos alguns perfis para inspirar.
Patricia e Gabriela, casal de lésbicas de São Gonçalo (RJ)
Elas foram a São Paulo especialmente para participar da XVII Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais. Patricia nos contou que é de uma cidade pequena no Rio de Janeiro, de família pobre com pais analfabetos. Eles não entendem a sua sexualidade e esse foi um dos motivos que a fez morar sozinha. Veio para Parada pela importância da representatividade e ressalta a sensação boa de ver todas mulheres juntas e poder saber que não está sozinha no mundo.
Cacau e Érica, casal de lésbicas de São Paulo.
Resistência de mulheres pretas lésbicas. Cacau fala que “sim, existe amor entre mulheres lésbicas” e o quanto ele é forte e empoderado. Fala sobre a luta diária do enfrentamento do simples ato de andar de mãos dadas nas ruas, e que amar uma mulher é o maior ato de resistência num mundo misógino e homofóbico em que vivemos. Vieram participar da caminhada com o objetivo de ocupar esse espaço de luta e resistência pelos os seus direitos.
Carol e a Barbara de Osasco (SP). Moram juntas e vendem chocoxotas.
Casal de lésbicas, elas vieram para caminhada pela importância de ver e saber que existem outras lésbicas que estão na resistência de existir assim como elas. Bárbara menciona que sente falta de movimentos voltado a lésbicas, pois diz que vê muito mais voz de “homens gays” e fica muito feliz de participar de algo tão direcionado.
Mariana Fragoso. Levou a filha para mostrar que ela pode ser quem ela quiser.
Mariana é mulher heterossexual, mãe da Estela de 3 anos. Levou sua filha para reforçar que apoia que ela seja quem ela quiser quando crescer independente da opinião das pessoas. “A mamãe vai lutar por isso” (fala de Mariana para filha).
Hanna Korick. Ela abriu a primeira editora lésbica e fez um filme sobre uma escritora homossexual que está sendo divulgado em festivais.
Hanna Korich, 62 anos, é uma das fundadoras da “Editora Malagueta”, a 1° Editora Lésbica da América Latina. Foi criada em 2008 por ela, por Laura Bacellar e um grupo de mulheres. Já publicaram 10 autoras lésbicas brasileiras e ressalta que tem como foco difundir autoras lesbi brasileiras por saberem da dificuldade e discriminação do mercado editorial, dando espaço e oportunidades igualitárias a essas autoras no Brasil.
Hanna também integra a Comissão da Diversidade Sexual da OAB. Ela fala que participa da Caminhada Lésbica por muitos anos, pela importância da luta pela visibilidade lésbica. Ela conta a grandeza da representatividade através desse movimento num momento de retrocesso do Brasil. Apesar da tristeza pelo retrocesso que estamos vivendo, ela fala da satisfação e alegria pela recente aprovação do Supremo Tribunal Federal da criminalização da LGBTFobia no Brasil, equiparando ao crime de racismo.
“Isso para nós, lésbicas, é muito importante. Faz parte da nossa caminhada para que tenhamos os nossos direitos humanos constitucionais garantidos”.
Ela reforça que é fundamental que se lute no Brasil pela dignidade, respeito e pelos diretos humanos. “Essa caminhada é um ato político, um ato de visibilidade e um ato de representatividade que é fundamental para nós lésbicas brasileiras”. Nos contou também que foi diretora do Filme Documentário “Cassandra Rios”. O filme retrata a trajetória da escritora lésbica que foi perseguida pela ditadura militar, fala sobre a vida e obra dessa verdadeira escritora, que foi pioneira para as lésbicas brasileiras.
Denise Villarinho, psicóloga, integra o movimento Mães pela Diversidade.
Denise tem três filhos e dois deles são LGBT. Há 2 anos faz parte do coletivo que recente se transformou numa Associação que abrange todo o Brasil. Chegou ao Mães pela necessidade de fazer parte de um ativismo salvando vidas, pois o seu filho mais novo foi perseguido ao sair da universidade por dois homens armados, onde desenvolveu sérios traumas psicológicos. A partir daí foi procurar outras mães que passavam pela mesma angústia.
“Mãe de LGBT não dormem, faz plantão” diz Denise.
Ela ressalta que o Mães pela Diversidade é formado por mães que têm como lema o amor, o amor pelo seus filhos e a luta por suas vidas, pela dignidade, respeito e um mundo seguro para todos. “Nós falamos: tire o seu preconceito do caminho que nós vamos passar com o nosso amor”.
Paloma e Camila celebram um ano de namoro na Caminhada Lésbica.
Paloma fala que ela é lésbica e a namorada Camila bissexual. Ali, elas estavam comemorando um ano de namoro, pois começaram a namorar na Caminhada de 2018. Paloma sempre participa da caminhada em ato político reforçando seu direito de existir. Ela busca conscientizar as pessoas de que existimos enquanto mulher que se relaciona com outra mulher, seja lésbica ou bissexual.
E acima, Andrea Pereira, colaboradora midiativista que fez todas essas conversas com personalidades incríveis que participaram da XVI Caminhada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo. Andréa se inscreveu na cobertura colaborativa da Mídia NINJA para somar no time que narrou todo o movimento LGBT deste final de semana em São Paulo. “Fazer essa mini entrevista com essas mulheres gigantescas foi um ensinamento. Foi o meu melhor presente, amei de verdade”, disse.