Por Beatris Ferracioli, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

Conquistar a vaga olímpica nas pistas de atletismo e viajar até Paris com a incerteza de que seria uma atleta olímpica, esse foi o início de Livia Avancini nos jogos. Ela fez um voo a Paris, com gosto de esperança e determinação, para afirmar o seu direito de disputar os Jogos Olímpicos de 2024. 

A confirmação que seria, sim, uma atleta olímpica veio no mesmo dia da cerimônia de abertura dos jogos (26). O primeiro passo de Livia na estreia olímpica foi dado na embarcação do Time Brasil navegando pelo Rio Sena. 

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Livia e sua carreira vitoriosa 

Antes de viajar a Paris, Livia conquistou o índice olímpico após ganhar mais uma medalha de prata no Troféu Brasil de Atletismo, esse é o nono pódio consecutivo da atleta na competição. A melhor marca de Livia no ano de 2024, de 16,95 m, também foi obtida no maior evento de atletismo da América Latina. 

A atleta do arremesso de peso começou a sua carreira aos 12 anos, hoje com 32 anos treina na cidade de Londrina–PR, e conquistou neste ano a patente de 3ª Sargento da Força Aérea Brasileira (FAB), assim ela está presente no programa da Comissão de Desportos da Aeronáutica (CDA) e Programa de Atletas de Alto Rendimento (PAAR). 

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Livia coleciona grandes conquistas em sua carreira. Campeã Sul-Americana Indoor em 2022, Campeã Sul-Americana em 2021 e nesta mesma competição foi medalhista de prata e bronze. Finalista dos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023, ficando no TOP 8. 

Atualmente ela ocupa a 2ª no ranking brasileiro de arremesso de peso e 55ª no ranking mundial da mesma categoria (dados atualizados do dia 23 de julho de 2024). Sua melhor marca em competições ocorreu em 2022, com um arremesso de 17,74m. Nos Jogos de Tóquio 2020 a medalha de ouro no arremesso de peso foi conquistada pela chinesa Lijiao Gong, que alcançou a marca de 20,58 metros. Em Paris, a brasileira iniciará a sua jornada no dia 8 de agosto às 5h25, horário de Brasília

Erro em exames quase custou a vaga olímpica 

“Fui do céu ao inferno em 12 horas. Estou perdida porque é muita euforia e de repente vem uma tristeza sem ser culpa minha, uma coisa que a gente não consegue controlar. Estou bem abalada com tudo isso – disse Lívia, em entrevista ao GE logo após receber a notícia que não poderia participar das Olimpíadas. 

Livia conquistou a vaga olímpica através do ranking mundial, porém uma falha na realização dos exames de antidoping organizados pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) fez com que a atleta ficasse fora da lista oficial. 

“Todas as informações e dados são preenchidos mensalmente e é de responsabilidade da ABCD ir atrás dos atletas, fazer o doping SURPRESA! Não tem muito o que o atleta fazer a não ser preencher e aguardar! O que houve foi uma falha da ABCD em não realizar o teste em que estava muito próximo da classificação para os jogos! Faltou um exame de três para ser feito fora de competição, eu fiz quatro esse ano já!”, afirmou a atleta em resposta a um seguidor em nossa página do Instagram.  

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O exame citado por Livia é uma regra determinada pela World Athletics para os Jogos de Paris. A atleta deveria ter realizado os exames fora das competições entre o período de setembro de 2023 a julho de 2024, com intervalo de 21 dias entre eles. Porém, Livia não foi procurada pela ABCD para realizar este exame, conduzido de forma imprevista. 

A regra da World Athletics foi alterada no meio do caminho para a preparação olímpica, “os dez meses começam a contar seis meses para trás, ou seja, restariam quatro meses para realizar quase 500 testes antidopagem”, apontou o advogado Marcelo Franklin para reportagem do GE.

A CBAt com o advogado Marcelo Franklin entraram com recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS), que concedeu um parecer favorável a Livia e mais dois atletas do atletismo brasileiro, Hygor Gabriel e Max Batista, e assim o trio conquistou novamente o direito de disputar as Olimpíadas.

“Eu também falei um pouco sobre como é difícil para um atleta do Brasil chegar até aqui. Estou muito feliz que pudemos lutar por essa vaga, que não desistiram de nós e abraçaram a nossa causa. Agora somos atletas olímpicos”, comemorou Livia em vídeo publicado nas redes sociais. 

Nasce uma influencer olímpica em Paris 

Livia viajou a Paris no dia 22 de julho, antes mesmo do parecer favorável da CAS ao recurso da atleta para recuperar a sua vaga olímpica. Desde então, a brasileira compartilha o seu sonho olímpico com os seus 9 mil seguidores. Em um dos vídeos que viralizou no Instagram com mais de 178 mil visualizações, a brasileira relata sobre um teste com o alarme de incêndio que ocorreu nas instalações de onde está hospedada. 

A atleta do arremesso de peso publica diariamente a rotina dos treinos e os bastidores da Vila Olímpica e da Casa São Paulo, local onde o Time Brasil está hospedado. Então, que tal dá uma força para Livia e seguir o seu perfil, @aliviaavancini.oly.