Por Gabriela Puchineli

Em um ambiente ainda hostil para a comunidade LGBTQIA+, o lema ‘respeito, inclusão e amizade’ prevalece na Champions Ligay, campeonato nacional de futebol de 7 que reúne atletas cis e trans de todos os estados do Brasil num ambiente inclusivo, em contraponto às barreiras de orientação sexual e gênero ainda existentes em torno do esporte mais popular do planeta.

Com o propósito de abrir portas no mundo da bola, a Ligay Nacional de Futebol (@ligaybr) foi fundada, em 2017. A sociedade civil esportiva LGBTQIA+ não tem fins lucrativos e organiza eventos culturais, esportivos e educacionais, visando a integração da diversidade e a erradicação de toda a forma de preconceito. A Champions Ligay é o principal, com cinco etapas regionais sul, nordeste, sudeste, norte e centro-oeste – e uma final. Em entrevista o GE, o presidente da liga, Carlos Renan Evaldt, reforçou a importância permitir que todes possam praticar o esporte.

“A competição é importante para mostrarmos que todes podem praticar qualquer esporte, basta querer. Gênero, orientação sexual, política, cor, raça, credo não podem ser jamais condição para a prática esportiva. A Ligay vem para mostrar que o LGBT pode estar em qualquer lugar da sociedade. A competição proporciona uma experiência de vida que foi tirada de muitos, que não puderam ter porque alguém disse que não era permitido estar naquele lugar”, disse Carlos Renan Evaldt, presidente da Ligay.

Maior associação esportiva LGBTQIA+ do Brasil e uma das maiores do mundo, a Ligay conta com equipes filiadas em todos os estados do país e cerca de 5 mil atletas amadores. Atualmente, congrega equipes que praticam majoritariamente o futebol 7 e o voleibol, mas também existe o incentivo para que as equipes sejam poliesportivas, incluindo modalidades como: jiu-jitsu, futebol de salão, futebol de campo, handebol, corrida e outros esportes.

A Ligay e a Champions Ligay surgiram a partir do encontro, em grupos no Facebook, de homens que gostavam de jogar bola, mas se sentiam excluídos por serem gays. Dos grupos, formaram-se times amadores, e assim nasceu o BeesCats, que se juntou aos Unicorns e Futeboys de SP, fomentando a formação de várias equipes LGBTQIA+ por todo o Brasil. O próximo passo era óbvio: criar uma liga para disputar campeonatos.

Além de abrir espaço, a formação dos times confere visibilidade e legitimidade à presença LGBTQIA+ no futebol, um ambiente historicamente visto como pertencente aos homens, especificamente heterossexuais. O que se comprova pelo fato de poucos jogadores profissionais terem ‘saído do armário’ no futebol masculino. Poucas exceções comprovam a regra, como o ex-meio-campista Richarlyson, com passagens por São Paulo e Atlético-MG, que assumiu ser bissexual após pendurar as chuteiras, e o ex-goleiro Emerson Ferretti, atualmente presidente do Bahia, que revelou ser homossexual.