Licitação de R$ 732 milhões a mais por ônibus escolares indica suspeita de corrupção no MEC
Com licitação marcada para o próximo dia 5, deputado Ivan Valente já acionou MP e TCU
Uma licitação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), marcada para a próxima terça-feira (5), deu o que falar entre especialistas, parlamentares e trabalhadores do setor neste final de semana. O governo prevê pagar até R$ 732 milhões a mais por ônibus escolares rurais, indicando mais uma suspeita de corrupção no governo federal.
Uma reportagem do Estadão mostrou que os veículos custam cerca de R$ 270,6 mil no mercado. Na licitação, que deveria sempre orçar pelos valores mais baratos entre a concorrência, a previsão de pagamento é de R$ 480 mil por um ônibus, indicando, ao todo, um superfaturamento de R$ 232 milhões. O Estadão revelou que houve um atropelo nas orientações dos órgãos de controle e da própria área técnica, que apontaram risco de sobrepreço nos valores dos ônibus.
O presidente da comissão de Educação do Senado, Marcelo Castro (MDB-PI), alertou contra os valores e afirmou que vai exigir uma apuração rigorosa. O deputado Ivan Valente já entrou com pedidos no Ministério Público e no Tribunal de Contas da União para que a licitação seja barrada.
“Depois do pastoraço no MEC, com direito a grana, ouro e bíblias, agora a farra tenta continuar com o onibaço no FNDE dominado pelo Centrão de Lira, Nogueira e Valdemar”, escreveu o deputado.
Ivan valente faz menção aos nomes que operam, atualmente, o montante dos recursos do Ministério da Educação por meio do FNDE, que tem a maior fatia de recursos destinados a investimentos na área. O fundo é presidido por Marcelo Ponte, que chegou a cargo por indicação do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, de quem foi chefe de gabinete.
A presidente executiva da organização Todos pela Educação, Priscila Cruz, também cobrou investigação sobre as suspeitas de superfaturamento. “Pior que não respeitar atributos da eficiência, é a corrupção. Que tal suspeita seja investigada também. A Educação já foi gravemente afetada pela pandemia e por um governo federal despreparado e não pode ser golpeada por desvios e corrupção”, disse Priscila Cruz ao jornal Estado de S. Paulo. “O futuro dessa geração de alunos e do próprio país depende de boa gestão dos recursos educacionais”.