Por Tacyla Barbosa, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

O LPO (levantamento de peso) foi destaque nos primeiros Jogos Olímpicos modernos, realizados em Atenas, em 1896, mas foi excluído do programa olímpico nas edições de 1900, 1908 e 1912. Em 1920 o esporte foi reintroduzido nos Jogos da Antuérpia. A competição feminina foi realizada nos jogos de Sydney, em 2000, pela primeira vez.  

As atletas Laura Amaro, 23, e Amanda Schott, 27, farão suas primeiras participações nos Jogos Olímpicos de verão, em Paris 2024, representando o Brasil no levantamento de peso que disputam em duas modalidades: o arremesso e o arranco, que exigem técnica, flexibilidade e equilíbrio. O arranco consiste em levantar a barra do solo até acima da cabeça em um movimento só, sem a apoiar no corpo. Após estabilizar a barra, a atleta deve aguardar dois segundos e a autorização do árbitro para soltá-la. O arremesso deve ser executado em duas partes: a levantadora deve erguer a barra até a altura dos ombros, por cima do peito, e após a parada, completar o movimento utilizando a força dos braços e das pernas para erguer a barra acima da cabeça. Com o objeto estabilizado, a atleta deve aguardar o sinal dos árbitros para soltá-lo. Amanda fará sua estreia no dia 9 de agosto, às 14h30, na categoria até 71kg. Já Laura se apresentará no dia seguinte, 10 de agosto, às 11h, na categoria até 81kg.

Multiatleta e referência de uma geração 

Atuando há dez anos no levantamento de peso, Laura começou sua trajetória nos esportes ainda criança, no esporte mais popular do nosso país, o futebol, inclusive era apelidada de “Martinha”, fazendo alusão a nossa rainha da modalidade, e garantiu medalha da Copa Guerreirinhos, em 2013, por um núcleo do Fluminense. A atleta também já competiu em skeleton, nas Olimpíadas de inverno da Juventude, em 2016. Nesse esporte, o atleta se posiciona de bruços em um trenó e desliza em uma pista de gelo, buscando o menor tempo.

Seu começo no levantamento de peso foi em 2013, logo após um convite de Carlos Aveiro, o “Saul”, técnico da seleção brasileira de LPO. Em entrevista para o UOL, Laura admite que não foi amor à primeira vista pelo esporte. Depois de algumas tentativas na modalidade, ela decidiu seguir esse caminho. “Resolvi ficar, resolvi treinar. E quando você entende o porquê você treina, a brincadeira fica melhor (risos). Você começa a querer treinar, a querer competir, a querer ganhar”, disse a atleta para o portal. Laura tem um vasto histórico de recordes e prêmios. Em 2021, participou do Mundial de levantamento de pesos adulto, em Uzbequistão, conquistando a medalha de prata por levantar 108 kg (categoria até 71kg), sendo a primeira mulher a conquistar uma medalha para o Brasil em um Mundial, com apenas 21 anos na época. Em 2022 recebeu a condecoração de melhor atleta do levantamento de peso no Prêmio Brasil Olímpico.

Laura comenta os desafios para aceitar seu corpo e características em um vídeo para o canal oficial do Time Brasil no YouTube. “Não vai ficar muito forte, hein!”, diziam os comentários que recebia de terceiros. Ela conta também sobre o seu processo de identificação, e como o apoio psicológico é importante. “Não tem nada mais bonito do que a representatividade do seu corpo para você mesma”, a atleta acrescentou falando sobre ser um modelo para as meninas e em especial as garotas pretas. “Tendem a se diminuírem e achar que não conseguem”, complementa com sua satisfação em inspirar as pessoas. Que as meninas se inspirem em você e engrandeçam esse esporte, Laura.   

Foto: Miriam Jeske/COB 

Da dúvida à Paris

Amanda tem várias conquistas no LPO, ela foi bronze no arranco no Mundial de 2021, no Uzbequistão, na categoria até 87kg, e em Assunção, em 2022. Em 2023 garantiu o terceiro lugar no Pan-Americano. E é quatro vezes campeã brasileira.

Amanda, antes praticante de crossfit, fala que o LPO está crescendo muito no Brasil por conta de sua modalidade anterior. “A maioria dos atletas que estão vindo para o levantamento de peso, eram do crossfit”, diz Amanda em vídeo sobre sua trajetória, para o canal do Time Brasil, no YouTube. Após postar um vídeo nas redes sociais fazendo movimentos do crossfit, foi chamada pelo seu atual treinador, para fazer um teste. Foi aprovada e ganhou uma competição que classificava para o Campeonato Brasileiro, e conquistou também o nacional. Logo depois, ela largou coisas importantes em sua vida e arriscou no LPO. A brasileira compartilha sua rotina diária de treinos e alimentação nas redes sociais, trazendo proximidade com seus seguidores.

Amanda sofreu uma lesão no Pan-Americano, o que impediu sua participação na Copa do Mundo de Phuket, na Tailândia, que valia vaga para os Jogos Olímpicos. A brasileira teve sua vaga garantida para Paris 2024 logo após a China anunciar que não levaria sua representante, Liao Guifang, para competir na categoria. Após a decisão chinesa, Amanda subiu para a 10ª colocação na lista divulgada pela IWF (International Weightlifting Federation, em português Federação Internacional de Levantamento de Peso). As 10 primeiras colocadas garantiam sua vaga para os Jogos. 

Foto: Gaspar Nóbrega/COB