Kevin O Chris e DKVPZ lançam videoclipe contra a censura e contra a criminalização do funk
O clipe tem o intuito de repudiar a censura de um gênero musical e valorizar o funk de acordo com a legislação em
vigência que define o “funk como movimento cultural e musical de caráter popular” e que tem como premissa proibir qualquer tipo de discriminação ou preconceito, seja de natureza social, racial, cultural ou administrativa do movimento ou de seus integrantes.
Não é de hoje que o Brasil reprime o funk e outras manifestações culturais que têm origem negra e periférica. Em
2017, o Senado chegou a discutir a Sugestão de Lei Nº17 de 2017 (SUG 17/2017) que propunha a “criminalização do funk
como crime de saúde pública”. A proposta foi rejeitada pela Comissão de Direitos Humanos, mas o estilo ainda está longe de ser aceito como gênero musical. Alvo de perseguido, associado sempre diretamente ao tráfico de drogas.
Um dos principais representantes do funk 150 BPM, vertente que saiu da favela carioca para ganhar o mundo, Kevin o Chris se uniu à dupla de produtores DKVPZ no EP FLVXO DO FVTVRO (outubro de 2019). Agora, eles soltam um vídeo-conceito deste trabalho tendo os remixes das faixas “Evoluiu” e “Vamos pra Gaiola” como trilha sonora.
É justamente a polêmica entorno dessa Sugestão de Lei Nº17/2017, que buscou proibir o funk no país, que inspirou a produção do registro audiovisual, que é resultado da parceria dos artistas com o Coala.Lab e a AKQA. A direção é assinada pelo diretor Squarehead da Stink Films.
É com a seguinte notícia que se dá o início a narrativa do clipe:
“Brasil, Ano de 2050 – Em mais uma votação polêmica no plenário, o Governo decide manter em vigência a Lei número 17/2017. A medida, que já dura mais de 30 anos, continua em vigor, proibindo a produção, reprodução e distribuição do funk em todo território nacional”.
O clipe tem o intuito de repudiar a censura de um gênero musical e valorizar o funk de acordo com a legislação em
vigência que define o “funk como movimento cultural e musical de caráter popular” e que tem como premissa proibir qualquer tipo de discriminação ou preconceito, seja de natureza social, racial, cultural ou administrativa do movimento ou de seus integrantes.
Vale lembrar que esta e qualquer tipo de censura e/ou proibição ao funk soa como uma tentativa de repetir o que foi feito com o samba no início do século XX. A criminalização deste durou até a Presidência de Getúlio Vargas.
Acontecimentos recentes, como a prisão do DJ Rennan da Penha, idealizador do Baile da Gaiola (RJ); e a ação policial no Baile da DZ7, um dos mais conhecidos de São Paulo (na favela do Paraisópolis), atestam que 2019 e o fictício 2050 do vídeo-conceito não estão tão distantes assim.