Por Kaio Phelipe

Entrevistamos Kátia Tapety, mulher trans pioneira na política, eleita em 1992, na cidade de Colônia do Piauí (PI). A ativista e ex-vereadora falou sobre seu ingresso na política, a relação com a amiga Jovanna Baby, a importância de Oeiras em sua trajetória e o processo de envelhecer. Kátia Tapety nasceu em 1949 e completou 75 anos no último dia 24 de abril. Recentemente, Kátia teve complicações em seu quadro de saúde.

Ao fim da entrevista, disponibilizamos os dados bancários da entrevistada para contribuições financeiras. Qualquer valor é de extrema importância.

Quando a senhora decidiu entrar para a política?

Foto: Arquivo Pessoal

KT: Todas as pessoas mais antigas da minha família foram da política. Meu primo foi deputado estadual por sete vezes e foi secretário de segurança de três governadores. Um filho dele foi deputado estadual e o outro foi prefeito de Oeiras. Quando me candidatei, foi a maior revolução de Colônia do Piauí. A primeira vereadora e vice-prefeita trans da história do Brasil. Minha casa era uma loucura. Ainda hoje é. Minha casa vive cheia de gente, desde aquela época. Fiz muito pela minha cidade. Fui dentista, parteira. Uma vez fiz o parto de uma mulher e ela disse “tu me preparou tanto, que eu estou parindo sem sentir dor”. Os concorrentes ficavam implicando com o eleitorado. Falando “vocês vão votar em travesti?”. O eleitorado respondia que me viam como uma mulher como qualquer outra.

O que é o MOPAC?

KT: O MOPAC é o Movimento Piauiense de Assistência à Cidadania LGBTQIAPN+, uma organização não governamental fundada por mim e Jovanna Baby, em maio de 1997. Eu queria conseguir uma emenda, um projeto, para receber apoio do governo federal e abrir uma casa de apoio para pessoas da comunidade LGBTQIAP+. A sede fica em Colônia do Piauí. Precisamos reformar, mas não estamos tendo recursos.

Como Jovanna Baby e a senhora se conheceram?

KT: Quando eu era vereadora, fui duas vezes convidada pelo Jô Soares para ir ao programa dele, por eu ser a primeira mulher trans na política. Minha cidade fez uma loucura quando minha entrevista foi ao ar. Todo mundo ficou na frente da televisão assistindo SBT para me ver. Eu me senti uma pessoa muito realizada na vida. Parecia que era um jogo da Copa do Mundo. A Jovanna me viu na entrevista e entrou em contato comigo. Até hoje ela é a minha melhor amiga, minha amiga-irmã.

O que a cidade de Oeiras representa para a senhora?

KT: Oeiras representa uma mãe para mim. A cidade de Colônia se chamava Saco do Rei. Quando foi emancipada, passou a se chamar Colônia do Piauí, uma filha de Oeiras. Oeiras representa tudo.

Como foi gravar o documentário Kátia, dirigido por Karla Holanda?

KT: A Karla Holanda conheceu o meu trabalho através da internet. Eu desenvolvia um trabalho social na minha comunidade. Naquela época, o Lula não era presidente. Quando uma mãe ia ganhar o neném, eu dava fralda, fazia o enxoval. Eu comprava medicamentos para as pessoas. A Karla Holanda me ligou perguntando se eu topava fazer o documentário com ela e eu disse que sim. Aí ela veio do Rio de Janeiro para Colônia do Piauí e fez matéria com o pessoal, interrogava as pessoas e ouvia o que o povo dizia sobre mim.

Quais são os desafios de envelhecer?

KT: Ano passado, fui internada com pneumonia no Hospital São Marcos, em Teresina (PI). Fiquei internada durante dois meses. Quando me recuperei da pneumonia, fiquei com sequelas e tontura. Estou tomando os remédios que o doutor receitou para labirintite, mas eles são caros. Eu recebo a pensão de um salário, mas também pago o empréstimo que fiz uma vez para me candidatar, então se alguém puder me ajudar com os remédios, são três diferentes: Glifage 750mg, Labirin 24mg e Meclin 25mg ou 50mg.

Dados bancários para ajuda financeira:

Bco do Brasil S.A.
0001
Ag.: 2362
Conta: 4564-0
CPF: 183.180.963-04
Titular: J. Nogueira Tapety Sobrinho

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