Julian Assange livre: fundador do Wikileaks a caminho das Ilhas Marianas
Espera-se que ele se declare culpado de “conspiração para obter e divulgar informações relacionadas à defesa nacional”. Ele deverá retornar à sua terra natal, a Austrália
O australiano de 52 anos deixou a prisão de Belmarsh, perto de Londres, na manhã de segunda-feira (24) e pegou um voo no aeroporto de Stanstead à tarde para deixar o Reino Unido.
O fundador do WikiLeaks chegou a um acordo de confissão com o sistema de justiça dos Estados Unidos, segundo o qual está livre após cinco anos de detenção no Reino Unido, de acordo com documentos judiciais tornados públicos durante a noite desta segunda-feira.
Perseguido pelas autoridades norte-americanas por ter revelado centenas de milhares de documentos confidenciais, o australiano deverá comparecer esta quarta-feira (26) num tribunal federal das Ilhas Marianas, território norte-americano no Pacífico. Lá, ele deverá se declarar culpado de “conspiração para obter e divulgar informações relacionadas à defesa nacional”, conforme os documentos.
Assange poderá ser condenado a 62 meses de prisão, mas, tendo cumprido um período semelhante de prisão preventiva em Londres, espera-se que possa regressar à sua terra natal, a Austrália.
Este acordo, que põe fim a uma novela de quase 14 anos, surge duas semanas antes de uma nova audiência importante nos tribunais britânicos. Nos dias 9 e 10 de julho, esperava-se que o recurso de Assange contra a sua extradição para os Estados Unidos fosse examinado.
Desde 2019, quando esteve detido numa prisão de segurança máxima em Londres, Assange tem lutado para evitar ser entregue à justiça norte-americana, que o persegue por publicar mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas, particularmente no Iraque e Afeganistão. Entre os documentos está um vídeo que mostra civis, incluindo dois jornalistas da Reuters, mortos pelo fogo de um helicóptero dos EUA no Iraque, em julho de 2007.
A causa
O australiano enfrentava, em teoria, uma pena de até 175 anos de prisão ao abrigo da Lei de Espionagem. O governo britânico aprovou a sua extradição em junho de 2022. No entanto, em maio, dois juízes britânicos concederam a Assange o direito de recorrer da decisão. O apelo deveria incluir se ele se beneficiaria das proteções à liberdade de expressão como estrangeiro no sistema judicial dos EUA.
Assange foi preso pela polícia britânica em abril de 2019, depois de passar sete anos confinado na embaixada do Equador em Londres, de onde procurou evitar a extradição para a Suécia numa investigação de violação, que foi arquivada nesse mesmo ano.
Free Assange: uma campanha global
Sua liberação é o resultado de uma campanha global que abrangeu organizadores de base, defensores da liberdade de imprensa, legisladores e líderes de todo o espectro político, até às Nações Unidas.
Depois de mais de cinco anos numa cela de 2×3 metros, isolado 23 horas por dia, ele em breve se reunirá com sua esposa Stella Assange e seus filhos, que só conheceram o pai atrás das grades.
Os apelos para que o presidente dos EUA, Joe Biden, retire as acusações contra ele aumentaram nos últimos anos.
Saudações dos líderes mundiais
Presidentes e líderes progressistas expressaram a sua alegria pela libertação do fundador do WikiLeaks.