A partir de hoje, em todas as quintas teremos um novo espaço de troca na nossa página. Estamos estreando a COMMON SENSES, uma coluna dedicada a explorar, dialogar e trocar sentimentos e olhares sobre nossa origem latinoamericana que nos aplaca e nos abraça em território e consciência.

Nossas comunidades nasceram da mesma história, de múltiplas civilizações que povoaram e habitaram o território americano por milhares de anos. A maioria delas dizimadas em milhões de habitantes por pragas e guerras trazidas pelos europeus. História comum de populações que, somadas aos milhões de afrodescendentes deslocados ao continente pela colonização escravocrata, compõem hoje nossa bela diversidade.

São várias as questões que nos preocupam e sobre as quais queremos refletir. Entre elas: múltiplas identidades latino-americanas, em permanente resistência e transformação, opostas às arcaicas mas atuais expressões do racismo. Autodeterminação e soberanias culturais e políticas. Garimpo e mineração ilegal presente em todos os nossos países, conectado com potências econômicas internacionais. Defesa dos recursos naturais, do meio ambiente, da Amazônia. Surgimento de múltiplas vozes que exigem direitos, independência e respeito. Patriarcado e colonialidade. Democracias ameaçadas. Construção de esforços de uma comunidade latino-americana interconectada e colaborativa.

Esperamos abrir diálogos e acima de tudo motivar as pessoas a se concentarem com ideais, sonhos, dores e alegrias comuns.

Identidade, integridade e democracia

A América Latina tem sido marcada por crescentes tensões decorrentes da luta entre os movimentos emergentes de autogestão popular e os grupos de poder econômico que historicamente mantiveram o controle dos governos. Esses grupos de poder muitas vezes são aparelhados pelos interesses de potências econômicas internacionais que buscam explorar os recursos naturais da região.

Hoje, no Peru, em sua busca pela defesa da democracia, está ocorrendo uma impressionante mobilização de povos indígenas, camponeses e setores populares que chegaram ao centro do poder governamental e às principais capitais do país. Até o momento, são mais de dois meses de convulsão social, com cerca de 60 mortes em confrontos entre as forças militares e policiais e as populações em todo o país. As mobilizações continuam a crescer e não param, enquanto o governo do presidente designado declarou estado de emergência nas principais cidades e, juntamente com os meios de comunicação tradicionais, criminaliza todas as expressões democráticas populares. As exigências, como em outros contextos do continente, pedem uma nova constituição que reconheça e defenda seus direitos, pedem novas eleições e que a democracia como mecanismo de coexistência seja cumprida nos termos legais vigentes.

É a mesma realidade que, em outros termos do problema, gera tensões na Bolívia, com tentativas de golpe contra um governo popular eleito com mais de 55% dos votos, ou impede e pretende boicotar processos de novos governos populares no Chile ou na Colômbia.

Pudemos ver suas ambições de poder e corrupção nas recentes ações terroristas que buscaram ignorar a vitória de Lula e dos setores populares no Brasil. Ações que destruíram os símbolos da infraestrutura democrática dos poderes governamentais e revelaram um plano que visava gerar um caos insustentável, dando lugar aos conhecidos governos de transição que, com o apoio direto de algumas instâncias militares, constituiriam um golpe de fato.

Participamos da expressão do sufrágio de populações marginalizadas, esquecidas e subjugadas até à morte, como demonstrou o caso do povo Yanomami na Amazônia brasileira, intimidado e torturado pela brutal mineração ilegal e maltratado pela falta de atenção do governo anterior.

Estãos são as expressões e os sentimentos de identidade e integridade das populações de aldeias, comunidades, favelas, ayllus, quilombos, bairros, palenques, vilas e comunas, se manifestam com mais veemência nesta terceira década do novo século. São vozes emergentes que nos envolvem de todos os lados, que nos convidam a conhecer o que acontece em cada espaço deste grande território, que nos mostram que nossos problemas são os mesmos, que nos convocam a fazer sentir e reivindicar os direitos de autodeterminação, soberania e de sermos protagonistas de nossa vida, paz e alegrias.

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