Por: Guilherme Sampaio e Felipe Nascimento

“Jovens e talentosos”, essas são as características que aparecem nos comentários sobre os atletas brasileiros nas quadras, pistas e arenas olímpicas. Para os técnicos, eles são peças estratégicas ao longo da competição. Por isso, o Time Brasil aposta nos novos rostos da delegação para aumentar as chances de medalhas nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Nomes como Rayssa Leal, Ana Cristina, Darlan Souza, Guilherme Schimidth, vão representar a potência da juventude nacional.

Os números das jovens promessas do esporte brasileiro impressionam. A skatista Rayssa Leal, de apenas 16 anos, é a segunda no ranking mundial da categoria street. Além dessa marca, a jovem foi prata em Tóquio, tornando-se, aos 13 anos, a pessoa mais nova na história a ganhar uma medalha olímpica. Leal também conquistou medalha de Ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2023 e, no Super Crown, recebeu nota 9 em uma de suas voltas – número nunca antes alcançado por uma mulher. A garota está entre os principais nomes do skate na atualidade e sempre é vista com muito respeito pelas adversárias, mesmo com pouca idade.

Aos 20 anos, outro destaque brasileiro é a jogadora de vôlei Ana Cristina, que soma em sua carreira duas convocações às olimpíadas, sendo a primeira oportunidade marcada por uma final olímpica e a conquista da prata em terras japonesas. A atual campeã da Copa Turca de Vôlei pelo Fenerbahçe tem um dos saques mais rápidos do mundo e é a craque que o técnico José Roberto Guimarães conta para comandar o ataque brasileiro. A ponteira carioca tem acumulado boas atuações em quadra e se destaca em momentos de aperto, desafogando as viradas de bola, como mostra seus últimos jogos pela seleção.

Foto: Reprodução/Instagram

Darlan Souza, de 22 anos, atua na liga brasileira pelo Sesi-Bauru e é um dos opostos convocados para defender a seleção masculina de vôlei. Ele disputa a vaga de titular com seu irmão mais velho, Alan Souza. Na última temporada da Superliga de Vôlei, o jovem foi o maior pontuador do campeonato com 48 pontos, quebrando o recorde de pontos marcados em uma única partida. No Pré-Olímpico, Darlan ganhou destaque sendo o MVP. Com isso, ele segue sendo apontado como a cara da nova geração do voleibol masculino. 

No judô, Guilherme Schimidth é a promessa deste ciclo olímpico. Ele ocupa a quarta posição no ranking mundial e fará sua estreia em olimpíadas ao competir na categoria de até 81kg. Em campeonatos recentes, Schimidth foi bronze no Grand Slam da Turquia, Ouro nos jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 e prata no World Masters. O judoca tem bons resultados e, em recente entrevista ao Comitê Olímpico Brasileiro, disse que está confiante para as disputas no tatame.

Esses não são os únicos nomes brasileiros que se destacam em suas modalidades. Outras figuras como Rebeca Andrade, Júlia Bergmann, Lucas Bergmann e Marcus Vinícius D’Almeida estão no radar da torcida e de especialistas que irão observar o desempenho deles nos jogos.  

 Encontro de Gerações  

Os nascidos entre a década de 90 e o início dos anos 2000 não serão os únicos que estarão na maior confraternização do esporte. Atletas millennials também marcam presença em Paris.

Nas Olimpíadas, nunca se falou tanto sobre a presença de atletas mais experientes como agora, em que muitos esportistas, em um cenário comum, já estariam aposentados de suas atividades, seja pela idade ou condições físicas. A edição parisiense também marca o momento em que os atletas da geração Z estão mais presentes em relação aos seus predecessores, o que já é comum em ciclos olímpicos. Deste modo, além de conviverem em times, competidores veteranos e novatos se enfrentarão como adversários. 

Questões como saúde mental, privacidade e tecnologia aparecem nas discussões sobre o encontro de gerações nos jogos. As marcas geracionais mudam hábitos, modos de jogar e a forma como cada competidor lida com as pressões na competição. No final, o que vale é a afinidade e o entrosamento dos atletas.

A relação entre novos talentos e veteranos é essencial para os jogos. Na seleção brasileira feminina de vôlei, a central Thaisa Daher, bi-campeã olímpica, é vista pelas companheiras como uma inspiração e a responsável por manter a confiança do time em quadra com sua vibração.

Assim como Thaisa, o voleibolista alemão György Grozer, de 39 anos, abandonou a aposentadoria para defender a seleção de seu país. Pela Alemanha, o oposto irá jogar a mesma edição dos Jogos Olímpicos que sua filha, Leana Grozer, de 17 anos, que representa a seleção feminina de vôlei. 

Foto: Reprodução/Instagram

Neste cenário, o trabalho das comissões técnicas é um importante gerenciador para poder usufruir e extrair o melhor dessa relação entre gerações. Deste modo, as equipes aprendem a lidar com as diferenças e os técnicos adaptam seus comandados às novas regras, regulamentos e modalidades de acordo com as performances de seus atletas.

Promessas

A Olimpíada de Tóquio 2020, realizada em 2021 por conta da pandemia da Covid19, foi um marco para os jovens atletas, conseguindo atrair mais crianças e adolescentes aos esportes. O evento é lembrado por importantes conquistas de esportistas mais novos, especialmente no skate, como os casos das medalhistas  Rayssa Leal, já citada como promessa brasileira, Hiraki Kokona, que tinha 12 anos na época, e Sky Brown, com apenas 13, que serviram de exemplo às novas gerações. 

Na atual edição, o COI (Comitê Olímpico Internacional) ainda não publicou dados oficiais sobre o quantitativo de jovens atletas, porém existe uma tendência crescente da participação de adolescentes em Olimpíadas. Nomes como a nadadora Summer McIntosh, de 17 anos, a sufista campeã do Lexus Pipe Pro Caitlin Simmers, de 18 anos, a promessa australiana do skate  Chloe Covell, de 14 anos, e o prodígio no skate street, o japonês Ginwoo Onodera, também de 14 anos, reforçam a ideia de que os jovens estão em ascensão nos esportes olímpicos.

Na competição que reúne atletas do mundo todo, a composição das delegações mostra um contraste geracional entre os veteranos, experientes em ambientes de pressão, e os iniciantes, cheios de gás para enfrentar grandes nomes de suas modalidades. A união entre a experiência e a juventude promete marcar o ciclo olímpico de Paris, promovendo mais uma edição histórica dos jogos e a preparação de uma renovação para as próximas edições. Em outras palavras, em breve, os rostos familiares do público serão outros.