Jovem baiana compõe grupo que pesquisa relação entre Chikungunya e casos de encefalite
Pesquisa baiana avança nos estudos sobre a encefalite e que correlaciona ao vírus da Chikungunya
Por Rodrígo Olivêira
Integrante do grupo de pesquisa do Instituto Gonçalo Muniz, mais conhecido como Fiocruz/Bahia, localizado em Salvador, um grupo de pesquisa trouxe um apontamento importante sobre a encefalite. De acordo com os resultados do estudo, a Chikungunya tem relação direta com casos de encefalite, conforme a pesquisa que durou três anos (2020, 2021 e 2022).
Em entrevista exclusiva para o Estudantes Ninja, a Doutoranda Maria Paula Sampaio, natural de Xique-Xique/BA, foi uma das integrantes do grupo de pesquisa baiano que desenvolve esse estudo. A jovem ingressou na Fiocruz/BA como estudante da iniciação científica, permanecendo até hoje na instituição. Com o mestrado feito e concluído durante a pandemia, a pesquisadora de 28 anos escolheu a linha de pesquisa sobre doenças neurológicas (especificamente a encefalite) e em 2023, ao iniciar o doutorado, foi chamada para a pesquisa da Chikungunya.
A pesquisa baiana foi feita em 11 hospitais públicos e privados, sendo oito de Salvador e três no interior, em de Feira de Santana e Irecê, onde dos 43 pacientes analisados, 16 tiveram algum vírus que era o causador da encefalite, e em nove, o vírus da Chikungunya estava presente.
De acordo com a estudante, cujas amostras coletadas foram testadas diretamente por ela, o trabalho em equipe começou a receber as amostras em 2020, na pandemia, mas os testes começaram a ser feitos quando o acesso ao laboratório passou a ser permitido. Segundo ela “felizmente não tive muitas intercorrências ou problemas durante a execução. E o resultado não teria como ser diferente, foi satisfatório, é muito bom ver que os meus anos de estudo geraram resultados tão importantes.”
Importância do investimento público em pesquisa
Para a pesquisadora, os investimentos em pesquisa feitos pelo Governo Federal e Estadual para o IGM/Fiocruz-BA, são importantes para as pesquisas, mas é necessário ter ainda mais. Segundo ela “a pesquisa brasileira ganhou visibilidade maior após a pandemia, as pessoas puderam conhecer e valorizar o que é feito aqui, mas precisamos que esses olhares continuem e cresçam principalmente pra pesquisas que envolvam problemas que são mais negligenciados e menos conhecidos pelas pessoas.”
Mesmo com toda a visibilidade da pesquisa brasileira a partir da pandemia, Maria Paula ressalta que “o Brasil tem muitos estudantes que são capacitados e que têm interesse em trabalhar com pesquisa, em desenvolver sua pesquisa, mas a falta de valorização faz com que muitas dessas pessoas desistam de seguir uma carreira científica e optem por outros trabalhos.”
Próximos passos da pesquisa
Com a publicação dos resultados do estudo no The International Journal of Infectious Disease, ela afirma que será dado continuidade ao projeto e que tem mais coisa a ser feita e investigada, para gerar mais informações sobre os casos de encefalite. De acordo com a doutoranda “nós vamos continuar investigando os casos de encefalite e o que for encontrado vai poder ajudar outros estudos sobre a doença e também com os vírus que forem detectados. Nosso estudo trouxe novas informações com relação à epidemiologia das encefalites no país, e isso pode auxiliar no desenvolvimento de métodos de diagnóstico que são mais direcionados aos principais causadores da doença.”