Joaquim Leite desconhece números de desmatamento no Brasil: “não vi ainda”
Enquanto levanta a bandeira do agronegócio, suas investidas miram no financiamento de países desenvolvidos e no mercado de carbon
O Brasil bateu recorde em desmatamento em outubro: uma área de 876,5 km² foi desmatada na Amazônia Legal. Com a divulgação de novos dados que resultam do monitoramento do Deter, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o país registra uma alta de 5% em relação ao mesmo mês no ano passado. Desde 2015, quando as informações passaram a ser sistematizadas pela plataforma TerraBrasilis, outubro não registrava um índice tão elevado. O recorde anterior era de 835,7 km².
Enquanto isso, no estande do Brasil em Glasgow, na 26ª Conferência Mundial sobre o Clima (COP26), quando o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite foi questionado sobre a maneira com que vendendo o Brasil, com números contestados e ainda, frente à divulgação de novos números do desmatamento, disse que estava lá para falar de um desafio global e não de cada país. “Nós estamos mostrando o que o Brasil tem de verdade. Não acompanhei esses números, soube que eles saíram hoje, mas eu não vi ainda”.
Enquanto levanta a bandeira do agronegócio, suas investidas miram no financiamento de países desenvolvidos e no mercado de carbono. “O Brasil é um país exportador, por isso é importante chegar ao desenho de um mercado global de carbono. Não será por falta de atuação do Itamaraty que nós não vamos chegar a um acordo sobre o mercado de carbono e sobre mais ambição em ambição de financiamento”.
À ocasião, foi questionado porque o país está pedindo dinheiro a outros países se há o Fundo Amazônia paralisado. Respondeu apenas que “as negociações ainda não estão em andamento, quando a gente tiver uma atualização a gente passa pra vocês”. E ainda disse que “mitigação é importante, mas tem que vir junto com financiamento” e que assim, este é mesmo o centro da articulação do Brasil nesta COP.
Sobre qual o número e o prazo que o Brasil reivindica na negociação sobre financiamento, declarou que “chegar em 2024 a 100 bi por ano não é suficiente para que todas as geografias transformem suas economias em net zero”
Tal qual seu antecessor, ele condiciona proteção ambiental a financiamento. “Seria um sucesso para o Brasil pressionar os países ricos e chegar a um consenso e aproveitar essa nova economia verde, que pode ajudar a chegar a uma solução para as florestas. Muitos países querem que isso saia e que remunere quem protege a florestas”.
Confira as principais declarações de Joaquim na coletiva:
• “Mitigação é importante, mas tem que vir junto com financiamento – este foi o centro da articulação do Brasil”.
• “Fizemos várias reuniões com países sobre financiamento e sobre artigo 6”
• “O volume de recursos para 2024-25 já foram prometidos antes e não deveriam estar sendo prometidos agora novamente.”
• “O Brasil está sendo construtivo e continuará focado no seguinte ponto da negociação: os países mais vulneráveis precisam de financiamento para gerar empregos verdes em regiões onde ainda há dependência de combustíveis fósseis. E é necessário garantir recursos para a neutralidade de carbono”;
A @MidiaNinja e a @CasaNinjaAmazonia realizam cobertura especial da COP26. Acompanhe a tag #ninjanacop nas redes!