Escrevo esse artigo com lágrimas rolando pelo meu rosto e com o coração apertado pelas crianças e jovens do nosso país. Escrevo este artigo no mesmo dia da chacina na creche Cantinho Bom Pastor, em Blumenau, SC. Mesmo dia em que marcamos uma reunião com o Ministro da Justiça, Flávio Dino, para levar o nosso Manifesto pela Paz nas Escolas, agendada antes dessa tragédia.

A questão da violência nas escolas brasileiras explodiu neste último mês e isto não é uma coincidência. Há anos estamos pedindo uma rede de apoio psicológico e social. Mas só encontramos a ausência e responsabilidade do Estado em ouvir denúncias e demandas urgentes que ocorrem dentro dos muros das instituições por todo Brasil.

Em nosso manifesto entregue para o Ministro não pedimos ações mirabolantes, mas sim exigimos que os nossos direitos adquiridos sejam respeitados. Queremos o cumprimento da Lei 13.935/19 que garante o acompanhamento do serviço social e psicológico nas escolas. Também defendemos a revogação do Novo Ensino Médio e do esfacelado itinerário do Projeto de Vida, que precisa ser construído a partir da nossa realidade enquanto estudantes, filhos e filhas da classe trabalhadora.

Nós, da UBES, também alertamos sobre a rede de ódio e fake news propagada na internet. Isso não pode ser o fator mobilizador dos jovens que estão em vulnerabilidade socioemocional. Para isso, defendemos a consolidação da Coordenadoria de Direitos Digitais e da Diretoria de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal.

Em nosso manifesto citamos:

Não nos contentamos com o mínimo, queremos o máximo de atenção, investigação e combate aos “chans” e grupos supremacistas que se organizam na internet. E assim, que os problemas digitais não respinguem nas nossas escolas e no nosso futuro.

Não podemos cair na armadilha do discurso que a regulamentação do ensino domiciliar, o “homeschooling”, a expansão das Escolas Cívico-Militares, o aumento da presença da polícia militar ou a redução da maioridade penal seja a solução para os problemas sensíveis dos estudantes e das nossas escolas.

É papel do Estado dar suporte, acompanhamento e respostas às inúmeras demandas que encontramos em nossas escolas e isso só acontecerá com a liberdade e a execução de uma escola pública, gratuita e com qualidade.

Espero que possamos juntos, como sociedade, construir uma escola emancipadora e acolhedora das diferenças, que nos traga segurança e respeite a nossa individualidade. É papel de todos nós batalharmos por isso.

Por isso repito: queremos paz nas escolas, em memória das vítimas: para que nunca esqueça e nunca mais aconteça!

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