Recentemente foi lançada uma pesquisa inédita chamada “Percepções do Racismo no Brasil”, e um dos dados “gritou” para nós que atuamos com educação e estudantes.

Dos 2 mil entrevistados de todo o país, 38% afirmam já ter sofrido racismo e apontam a escola/faculdade/universidade como locais onde essa violência ocorreu.

E ainda os números apontaram que nos espaços da educação básica, as pessoas pretas foram as que mais vivenciaram agressão física: 29%. Para 64% das pessoas jovens entre 16 e 24 anos, o ambiente educacional é onde mais sofrem racismo.

Em um espaço idealizado para a formação, para que ela tenha acesso ao conhecimento, desenvolver habilidades para compreender, formular e se envolver com a sociedade, é inadmissível que esse estudante fique exposto ao racismo, e que ele seja um gerador de violências físicas.

Ainda trazendo mais números da pesquisa que indicam o tamanho dos desafios e quais devem ser as estratégias para que não criemos ainda mais fissuras raciais, sociais, e feridas e carência de perspectivas na população negra, 81% dos entrevistados reconhecem que o Brasil é um país racista; porém apenas 11% afirmam que têm atitudes ou práticas racistas, 10% que trabalham em instituições racistas, 13% que estudam em instituições educacionais racistas e 12% que sua família é racista. Isso significa que existe uma inabilidade reconhecer ou nomear o racismo nas suas relações raciais.

E é a partir dessas percepções que devemos buscar pelos espaço de ensino também o compromisso abrangente da conscientização sobre as questões raciais, incluindo mudanças e revisão na grade curricular (Lei 10.639/2003), formação e sensibilização para a comunidade escolar , diversidade nas equipes, diálogos, eventos e monitoramento recorrente.

É preciso reconhecer e fortalecer que educação antirracista é um processo contínuo e complexo e que exige um grande pacto entre instituições de ensino, comunidades, secretárias e poderes. Ela exige um esforço constante para desafiar as normas sociais injustas e promover a igualdade e combater a violência, de forma permanente.