O Novo Ensino Médio deve ser construído pelas mãos de quem está nas escolas: estudantes, professores e funcionários

O choque no volta às aulas nesse início de 2023 foi grande. Ganhou espaço a reforma do novo ensino médio nas escolas, que começou a ser implementada no ano passado. Com isso foram escancarados os relatos absurdos sobre os itinerários formativos no “papel” e a realidade.

O Novo Ensino Médio segue a cartilha do neoliberalismo, propõe uma formação que foge da base para construção do acesso ao trabalho decente, do ingresso à universidade, de estímulo ao pensamento crítico e de um projeto de país.

O Resultado? Aulas superficiais com estudantes ociosos, sucateamento, ampliação da desigualdade entre os estudantes de escolas públicas e privadas, e uma enorme evasão, representando um grande desperdício de energia e potencial da nossa juventude. Pelo lado dos professores, há sobrecarga e desmotivação na docência.

O NEM (Novo ensino Médio) não está dando certo. Nem para aprimorar a formação, nem para responder às urgências da juventude do século XXI.

Desde a forma atropelada como foi aprovado, ainda no Governo Temer, sem amplo debate com a sociedade, até pela forma de implementação, realizada por um Ministério da Educação totalmente desconectado da realidade dos estudantes e escolas brasileiras,

Sua limitações vem da ausência de diálogo. Para uma Reforma do Ensino Médio é necessário investimento e uma construção coletiva e participativa pelas mãos de quem realmente vive o “chão da escola”: estudantes, professores, gestores e funcionários. Sendo assim: é necessário uma “base” para ser efetivo.

Mesmo com a criação da Consulta Pública com o intuito de avaliar e reestruturar o Novo Ensino Médio, proposta pelo Ministério da Educação, no último dia 8, não vamos retroceder em nosso pedido de revogação. Sabemos que a medida só vai aferir o que nós estudantes sabemos: que este modelo só traz insatisfação e aumento da evasão escolar.

Também quero reforçar que em fevereiro, a UBES realizou um Seminário, no Rio de Janeiro, com milhares de estudantes. Nele debatemos “A Escola do Futuro” e destacamos em um documento pontos conflitantes da atual BNCC (Base Nacional Curricular Comum)

“…Dentre eles, o Projeto de Vida que, na prática, em vez de ser cumprido de forma total, com o que está na BNCC, as aulas desta disciplina se tornam refúgio dos professores que têm aulas remanescentes e além, tomam um caráter extremamente meritocrático e mercantilista a partir do Eixo Econômico. Defendemos, sim, a Educação Financeira, mas que esta esteja vinculada à realidade do povo brasileiro, majoritariamente trabalhador, enquanto, na prática, a partir deste eixo, se vende para toda uma geração, a ilusão do empreendedorismo, não estando vinculada à formação econômica a classe social destes estudantes.” (o texto do documento na íntegra pode ser acessado por aqui)

É importante frisar, que nós defendemos, sim, que o estudante possa se aprofundar no que faz sentido a ele. Mas esta escola não pode trazer um esvaziamento da sua formação enquanto cidadão e do seu currículo base.

Por isso, neste 15 de março estaremos em mobilização nas ruas, redes e nas escolas pela revogação do NEM. Convocamos os estudantes secundaristas a construírem com a gente um novo modelo.

Nós estamos prontos para este debate, sabemos o que queremos. A participação dos estudantes neste importante processo de se definir a escola do futuro é essencial. E vamos juntos nesta luta para um futuro de formulação e pulsante.

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