Por Tainá Junqueira e Analice Ruas, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

A medalha inédita na final por equipe da ginástica artística levou as atletas e os brasileiros às lágrimas. A emoção parecia tocar ainda mais forte Jade Barbosa, que é a ginasta mais experiente da ginástica brasileira e que participou dos jogos de Pequim 2008, Rio 2016 e agora vive sua terceira olimpíadas em Paris, aos 33 anos. Como veterana, desempenhou papel fundamental na disputa por equipe, não apenas nas apresentações, mas no apoio fora dos aparelhos.

“Ficamos muito felizes pelo que conseguimos fazer hoje. Eu tenho muito orgulho do que construímos durante esse período. Hoje a gente colhe o resultado de muitas gerações. É até difícil acreditar”, conta Jade em entrevista para Globo. O mesmo apoio que Jade recebeu em suas primeiras competições internacionais passa agora para as outras meninas da ginástica, sobretudo às estreantes como Julia Soares, de 18 anos.

Caçula da geração de Daiane Santos e Daniele Hypolito, agora é veterana e dá continuidade no trabalho de fortalecimento da ginástica brasileira. Jade é o elo do esforço de gerações da ginástica brasileira que construíram a terceira melhor equipe do mundo hoje. “Elas me trouxeram muita segurança dentro da equipe, como a parte mais velha e experiente. Eu absorvi isso e gostaria de passar para as próximas gerações”, conta. 

Jade Barbosa no início da carreira como ginasta — Foto: Reprodução/Instagram

Jade passou a integrar a equipe permanente aos 13 anos, mas se dedica à ginástica há ainda mais tempo. Começou a participar de competições nacionais já aos 11 anos e pouco tempo depois, ainda participou do primeiro Pan-americano de ginástica artística. Em um esporte em que é raro ver atletas acima de 30 anos competirem junto a meninas cada vez mais novas, Jade chega para sua terceira olímpiadas aos 33 anos com mesmo rendimento ou ainda mais potência física. “Você pode ter longevidade na ginástica, pode fazer até mais do que quando era mais jovem”, disse em entrevista ao Olympics.com, site oficial dos Jogos Olímpicos, no ano passado. 

De fora das olimpíadas de Londres 2012 por lesão, e novamente em Tóquio 2020, Jade participou dos últimos jogos como comentarista, caminho de muitos atletas que deixam as competições. No entanto, rebateu comentários e rumores sobre aposentadoria. Voltou a competir dois anos depois de Tóquio e chegou a Paris com excelentes resultados: ficou em 20º na classificação do individual geral e junto a equipe conquistou o inédito bronze. 

Em 2013, disse no programa “Tá na área” que em 10 anos gostaria de estar ajudando a ginástica de alguma forma. Talvez nem ela imaginasse, que 11 anos depois sua ajuda seria na conquista da primeira medalha olímpica por equipe em olimpíadas. “Eu me prometi uma coisa: só sairia da ginástica quando sentisse que não estava tendo o nível que eu gostaria. Muitas atletas desistem depois do primeiro ciclo e, às vezes, nem chegaram no seu máximo. Você pode ter longevidade na ginástica, pode fazer até mais de quando era mais jovem”, conta Jade. 

Em outra entrevista feita nesta terça-feira, após a conquista da medalha de bronze, Jade foi perguntada sobre os planos futuros e se estará presente nas próximas olimpíadas de 2028. “A Jade de toda forma vai estar em Los Angeles, só não sei como ainda”, afirma. Jade já participou como comentarista nos jogos olímpicos de 2020 e assina os collants usados pelas ginastas brasileiras desde os jogos de Tóquio. Ela, que também é apaixonada por moda, começou a desenhar collants em 2018 e abriu uma marca de roupa de ginástica, a Vnp sports, em que produz tops, leggings e camisetas. “Quando eu comecei, nem collant a gente tinha. Meu pai fazia os meus collants. Hoje, poder ter todas essas opções é muito mágico”, conta em um vídeo publicado pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).