por Mauro Utida

A partida entre Itália e Israel, nesta terça-feira (14), válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026, carrega uma enorme carga simbólica e esportiva. O duelo em Udine, que pode sacramentar a classificação da Azzurra para a repescagem e eliminar Israel, ocorre sob fortes críticas ao conflito em Gaza, transformando o gramado em palco de intensa tensão política e moral.

O clima em torno da partida é de profundo desconforto na Itália, com manifestações pró-Palestina que marcaram o país nos últimos dias e alcançaram também a esfera esportiva. O movimento mais notável veio da Associação Italiana de Técnicos de Futebol (AIAC), que enviou uma declaração oficial à Federação Italiana de Futebol (FIGC) solicitando à UEFA e à FIFA a suspensão temporária de Israel de todas as competições internacionais, devido ao “genocídio que ocorre em Gaza há quase dois anos”.

O técnico da seleção italiana, Gennaro Gattuso, reconheceu que a situação “parte o coração”, mas foi enfático ao descartar um W.O. (derrota por ausência), lembrando o dever de jogar para evitar a punição automática de 3 a 0.

Em outubro do ano passado, a Azzurra enfrentou Tel Aviv em uma partida da Liga das Nações, marcada por protestos antes e durante o jogo e por intensas medidas de segurança, incluindo atiradores posicionados no telhado do estádio.

O duelo em Udine transcende o campo: de um lado, a urgência esportiva da Itália em voltar a disputar uma Copa do Mundo; de outro, o peso político de boa parte dos italianos, que têm se posicionado contra o genocídio em Gaza promovido pelo exército do governo sionista de Israel.

Fim da maldição

Do ponto de vista esportivo, o jogo tem peso de final para as duas seleções no Grupo I. Para a Itália, que ficou de fora das Copas de 2018 e 2022, o retorno — mesmo que via repescagem — representa um alívio histórico. É o primeiro passo concreto para encerrar o fantasma da tripla ausência da seleção tricampeã mundial.

No caso de Israel, a derrota para a Noruega (3 x 0) no último sábado colocou a equipe do Oriente Médio em situação dramática. Se Israel perder para a Itália nesta terça-feira, estará matematicamente eliminada da disputa por uma vaga na Copa do Mundo, já que ocupa a terceira colocação, com nove pontos em seis jogos. Já a Itália é a segunda colocada, com 12 pontos em cinco jogos.

Uma vitória contra Israel elevaria a Azzurra a 15 pontos em seis partidas, garantindo o 2º lugar no grupo e, consequentemente, a vaga na repescagem europeia. Com a Noruega já somando 18 pontos (em seis jogos) e apenas mais dois a disputar, a definição do primeiro lugar ocorrerá no último jogo das Eliminatórias, em 16 de novembro, quando a Itália receberá a Noruega. É nesse duelo final que a Azzurra jogará suas últimas fichas para buscar a vaga direta.