O principal grupo que representa os familiares dos israelenses raptados na Faixa de Gaza acusou nesta terça-feira (20) o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de dificultar o acordo de cessar-fogo com o Hamas depois de o presidente ter garantido que Israel não cederá a duas novas exigências. Entretanto, o exército israelense anunciou a recuperação dos corpos de seis dos reféns.

Netanyahu, durante uma reunião com dois grupos minoritários de famílias reféns que se opõem a qualquer entrega ao Hamas para salvar os seus entes queridos, disse que o Exército não se retirará do corredor de Filadélfia (fronteira de Gaza com o Egito) ou do corredor de Netzarim (que divide o enclave em dois). O presidente teria mesmo chegado ao ponto de garantir a estes familiares que, se fosse alcançado um acordo de cessar-fogo com o Hamas, os combates seriam retomados pouco mais de um mês depois, o mais tardar, segundo um comunicado dos dois grupos.

O Fórum de Famílias de Reféns, que representa a maioria dos familiares de israelenses sequestrados que ainda permanecem no território palestino, indicou em mensagem que as palavras de Netanyahu, em essência, dificultam a trégua. “Não há esperança ou heroísmo numa postura ‘firme’ que resultará na morte contínua de todos os reféns”, alertou o fórum, referindo-se aos outros dois grupos de familiares que se encontraram com Netanyahu.

O principal líder da oposição, Yair Lapid, também acusou o presidente de sabotar as negociações, numa publicação na rede social X em que pedia a Netanyahu que parasse a guerra antes que todos os reféns morressem.

As críticas ao primeiro-ministro surgiram poucas horas depois de o Exército israelense ter anunciado que recuperou os corpos de seis reféns em Gaza, numa operação noturna nos túneis de Khan Younis, no sul da Faixa.