No dia 22 de março, as Irmãs de Pau, dupla pop formada por Isma Almeida e Vita Pereira, lançam a primeira parte de “Gambiarra Chic”, seu segundo disco de estúdio.

No repertório deste primeiro volume, as Irmãs de Pau divulgam cinco faixas inéditas, além dos dois singles lançados previamente, “Cussy” (2023) e “Shambaralai Remix Cyberkills” (2024). Gambiarra Chic é dançante e alto astral, passeia pelo trap, rap, reggaeton e funk, conta com produção musical de grandes nomes da cena musical eletrônica como Brunoso, MU540, Cyberkills, DJ Dayeh e Clementaum, além das participações especiais da Pepita, Mc Luanna, Aurora Abloh e Salvie da Bawdy (EUA).

“A produção do disco foi exatamente uma gambiarra. Estávamos numa turnê, um momento conturbado. Mas não era uma conturbação ruim: estávamos conseguindo mais recursos, fazendo uma turnê de sucesso, nos tornando cada vez mais donas dos nossos corpos. O processo de compor mudou, a gente não tinha mais tempo para fazer retiro e compor juntas”, revela Isma.

“Escrevíamos pedacinhos no avião ou na van indo para o show e finalizamos algumas músicas a caminho do estúdio. Aprendemos a não nos pressionar e deixar fluir. Tenho orgulho, pois antes eu tinha insegurança em qual seria o momento certo de jogar as músicas no mundo, hoje confiamos mais na nossa criatividade”, completa.

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A identidade visual da capa de Gambiarra Chic imprime o glamour a partir dos figurinos, das laces e das poses. A ideia de multiplicação revela as versões que elas já possuem, as que elas constroem e as que ainda irão encontrar. Também é revelada a transformação, pois ambas as artistas adoram a dualidade. Para Vita e Isma não existem verdades absolutas.

Em Gambiarra Chic, as artistas ecoam suas novas conquistas dentro e fora dos palcos, apresentando uma nova perspectiva para o funk ostentação. As gambiarras inventivas das Irmãs de Pau são as tecnologias, os mecanismos e novas soluções que as artistas criaram para a manutenção e sucesso de suas próprias carreiras. 

Diferente do funk ostentação convencional – e majoritariamente masculino -, que ostenta símbolos materiais de prosperidade financeira, como carros e jóias, para as Irmãs de Pau a ostentação que as interessa está mais conectada à manutenção e sobrevivência da família, à aprendizagem de novos conhecimentos e gerar dinheiro com sua arte. 

Nas faixas inéditas, as artistas versam sobre a conquista do silicone e de uma casa segura e falam também sobre os afetos, as viagens, a fartura, sem deixar de lado o proibidão. Aqui a ostentação também perpassa pela visualização de um futuro que rompe os limites comumente associados aos corpos travestis e trans, elas valorizam a construção de novas narrativas, imagens e estéticas para suas histórias. Com Gambiarra Chic, Isma e Vita esperam provocar movimentos onde outras travestis também acessem experiências prósperas. 

“Acho que a gente também conseguiu traduzir essa prosperidade à medida que tivemos outros produtores musicais nesse disco, que era um desejo antigo nosso”, explica Vita. “Todo mundo que trabalhou com a gente, seja produzindo as músicas, sejam os feats que a gente trouxe, são pessoas que a gente gosta, acompanha e admira o trabalho. Acho que é uma forma de juntar forças, sabe? A ostentação realista vem pela disputa da noite também. Estamos disputando esse lugar também. A gente espera criar novas formas de olhares para nós. Queremos fugir de diversos estereótipos e, ao mesmo tempo, propor novas e variadas imagens do que é ser travesti e do que é ser funkeira. Porque eu quero ser reconhecida enquanto funkeira, apenas”, conclui.