A Polícia Federal (PF) está investigando a participação clandestina de policiais federais na campanha de Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), a deputado federal em 2022. Durante o depoimento de Ramagem, realizado há duas semanas, surgiram indícios de que uma “Abin paralela” pode ter operado sob seu comando durante o governo de Jair Bolsonaro. Dois agentes próximos a Ramagem, Henrique Cesar Prado Zordan e Felipe Arlotta, são citados em documentos apreendidos pela PF, que apontam gastos de campanha relacionados a eles.

Zordan, que deixou a Abin em julho de 2022 para uma licença-capacitação, é suspeito de ter trabalhado na campanha de Ramagem durante seu afastamento. Conversas recuperadas pela PF indicam que Zordan pediu a um policial aposentado para realizar pesquisas eleitorais sobre adversários políticos no Rio de Janeiro, sugerindo um envolvimento direto em atividades de interesse eleitoral. Ramagem, por sua vez, nega qualquer irregularidade, afirmando que Zordan apenas o auxiliou com questões técnicas de redes sociais.

A PF reforça que durante a licença-capacitação, servidores continuam recebendo remuneração e devem se dedicar exclusivamente a atividades de capacitação, sendo proibidos de exercer outras atividades remuneradas. Qualquer transgressão neste período será investigada por meio de um processo disciplinar. A investigação sobre a “Abin paralela” se estende para além da campanha eleitoral, incluindo suspeitas de formação de uma organização criminosa dentro da agência, da qual Zordan e Arlotta seriam integrantes.