Invasões de territórios quilombolas em Salvaterra (PA) são alvo de denúncia na COP30
Avanço do agronegócio está transformando indevidamente, terras quilombolas em áreas de produção agrícola, principalmente, de arroz
Marcos Maia, da Cobertura Colaborativa NINJA na COP30
Durante a programação da COP30 em Belém, o Tribunal dos Povos contra o Ecogenocídio, realizado na sede do Ministério Público Federal (MPF), julgou denúncias contra grilagem, invasão de territórios tradicionais e contaminação por agrotóxicos que atingem comunidades quilombolas de Salvaterra, na Ilha do Marajó (PA). A audiência popular ocorreu no dia 13 de novembro.
O caso, intitulado “Violações do agronegócio às comunidades quilombolas em Salvaterra, Ilha do Marajó” expõe um cenário criminoso que afeta diretamente 280 famílias e ameaça outras 7.500 com a expansão do agronegócio na região.
Segundo relatos, práticas tradicionais e o ecossistema padecem com a invasão e grilagem, práticas ilegais para ocupar territórios, que acabam gerando ainda, conflitos agrários. As terras quilombolas são ainda mais impactadas pelo processo de falsificação e apropriação indevida que faz com que os territórios venham se transformando em áreas de produção de grãos, especialmente arroz, na ilha do Marajó.

A secretária-executiva da Rede de Agroecologia do Maranhão (Rama), Ariana Gomes denuncia que com as grandes plantações se intensifica o uso de agrotóxicos. Isso impacta na vida das crianças das comunidades. “A grande maioria das crianças hoje tem problema de asma e não consegue mais brincar na terra, no quintal, onde elas costumeiramente brincavam. Porque criam alergias e ficam completamente feridas”, disse ao júri.
O caso de violações de direitos humanos e direito à terra foi apresentado ao tribunal para que alcançasse repercussão internacional.
Por fim, Ariana expressa a importância de ter apresentado o caso de Salvaterra ao tribunal. “É importante para que possamos pensar coletivamente, em estratégias jurídicas e políticas para que, enfim, esses agressores, esses violadores possam ser punidos”.



