Porto Alegre: crise climática continua e bairros enfrentam o vai e vem das águas
Porto Alegre viu o nível do Lago Guaíba atingir um recorde histórico de 5,31 metros
Com colaboração de Otávio Santos, de Porto Alegre
Nas ruas Celeste Gobbato e Vicente de Paula Dutra, próximas ao Foro Central de Porto Alegre, a situação de alagamento persiste, com a água subindo durante a noite e madrugada e descendo pela manhã e tarde. Moradores da região relatam que, mesmo após a retirada de lixos pelas autoridades, o cenário permanece inalterado.
Já se vão quase duas semanas, e as autoridades ainda não apresentaram uma previsão de quando a situação irá melhorar. Em alguns locais, somente com roupas de pescador, próprias para terrenos alagados, é possível transitar.
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O estado do Rio Grande do Sul está enfrentando a pior inundação em sua história, Desde o final de abril, chuvas intensas causaram inundações devastadoras, afetando mais de 440 dos 496 municípios do estado. Até o momento, mais de 1.9 milhões de pessoas foram afetadas, com 169 mortes confirmadas e pessoas desaparecidas. Cerca de 600 mil pessoas foram deslocadas de suas casas, e mais de 81 mil estão vivendo em abrigos temporários.
Porto Alegre, em particular, viu o nível do Lago Guaíba atingir um recorde histórico de 5,31 metros, superando o recorde anterior de 4,76 metros estabelecido em 1941. A cidade está com várias ruas intransitáveis e bairros inteiros alagados.
As causas dessas inundações estão ligadas a uma combinação de fatores climáticos, incluindo o fenômeno El Niño e o aquecimento das águas do Atlântico Sul, que aumentaram os níveis de umidade na região. A colisão de massas de ar quente e úmido vindas da Amazônia com ar frio do sul intensificou as tempestades.
Além das perdas humanas, os danos materiais são extensos. A infraestrutura crítica, incluindo aeroportos, ferrovias e estradas, foi severamente afetada.
Foi publicada a Medida Provisória nº 1.218/2024, que abre crédito extraordinário de R$ 12,2 bilhões para ações emergenciais no estado. Este montante se soma aos mais de R$ 60 bilhões já destinados ao Rio Grande do Sul, cobrindo necessidades urgentes como a compra de medicamentos, insumos e cestas básicas, além de serviços de saúde e reconstrução de infraestrutura (Serviços e Informações do Brasil).
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O governo federal lançou o Auxílio Reconstrução, oferecendo R$ 5.100 em parcela única para famílias afetadas. Este auxílio está disponível para 369 municípios que tiveram estados de emergência ou calamidade pública reconhecidos. O cadastro das famílias será realizado pelas prefeituras através de um site oficial.