Internet sem machismo: projeto de lei aumenta pressão contra misoginia nas redes
Projeto de Lei busca responsabilizar as plataformas de redes sociais que mantém conteúdo misógenos
Projeto de Lei busca responsabilizar as plataformas de redes sociais que mantém conteúdo misógenos
Em meio ao aumento do discurso de ódio contra as mulheres, inclusive em plataformas de redes sociais, a deputada estadual Ediane Maria (PSOL) ocupou o mandato do deputado federal Guilherme Boulos, do mesmo partido, para protocolar na Câmara dos Deputados um projeto de lei que obriga que as bigtechs criem sistemas internos de monitoramento, controle e vigilância sobre a disseminação de grupos masculinistas e de propagação de discursos de ódio.
Em caso de identificação de grupos desse tipo, a plataforma será obrigada a acionar, imediatamente, as autoridades competentes, para investigação. Caso falhe nessa identificação e informação às autoridades, devem ser considerados corresponsáveis e responder pelos mesmos crimes cometidos pelos usuários que propagam discursos de ódio e misóginos nas redes.
A deputada apresentou dados que alertam para o crescimento desse tipo de crime contra mulheres. No Brasil, as estatísticas são assustadoras e alarmantes: no primeiro semestre de 2022 foram notificadas 7.096 denúncias de ataques machistas na internet, o que equivale a 40 denúncias por dia.
“E quem diria… esse ódio todo vem de homens (96%) brancos (79%)”, disse.
Para além dos números, discursos de ódio nas redes ameaçam as bases da democracia porque ampliam mecanismos de opressão. E os alvos são sempre os mesmos: grupos historicamente marginalizados: mulheres, negras e negros, indígenas e pessoas LGBTQIAPN+.
Mirando o lucro
Apesar de o Marco Civil da Internet prever punição aplicável ao que é dito pelos usuários, a legislação atual falha em não apresentar responsabilização das plataformas que mantém o conteúdo disponível ao público. Dessa vez, o projeto de lei busca também responsabilizar essas empresas.
“Sempre tem alguém que sai lucrando: os provedores de internet e os aplicativos. Isso acontece porque, hoje, não existe nenhuma lei que prevê a responsabilização desses entes. Pra quem a gente reclama então?”, questiona a deputada.
Após o pedido ser protocolado, a Câmara poderá fazê-lo tramitar nas comissões temáticas, incluindo a Comissão de Constituição e Justiça.
“Os discursos de ódio na internet promovem a intolerância e a discriminação, reforçando estereótipos negativos e estimulam a violência contra grupos vulneráveis. BASTA!”, finaliza Ediane.