Inspiração: Claudia Alexandre ganha prêmio com trabalho sobre religiões afro-brasileiras e cultura negra
Conheça a história da jornalista e acadêmica vencedora do Prêmio Jabuti Acadêmico de 2024 com sua obra sobre Exu.
Por Ana Carolina Menaguali
A jornalista e pesquisadora Cláudia Alexandre é destaque no cenário acadêmico e cultural brasileiro, com uma trajetória de protagonismo em temas relacionados às religiões afro-brasileiras e à cultura negra. Seu trabalho tem continuidade como professora na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde desenvolve estudos interdisciplinares que conectam a religião, a cultura e a identidade.
A partir de sua tese defendida em 2021, indicada ao Prêmio Soter de Teses de 2022, nasceu o livro “Exu Mulher: A Dimensão Feminina de Exu e o Matriarcado Nagô”. A obra recebeu reconhecimento nacional ao ser agraciada com o Prêmio Jabuti Acadêmico 2024, na categoria Ciência da Religião e Teologia.
A pesquisa vencedora, defendida no programa de Ciência da Religião da PUC-SP, destaca-se por sua análise aprofundada sobre as práticas religiosas afro-brasileiras em contextos urbanos contemporâneos, consagrando seu nome dentro da literatura.
“Além da emoção que ele proporciona, no meu caso, enquanto uma mulher negra que estuda sobre religiões e tradições afro-brasileiras tem um significado ainda maior, pois é a representação de uma resistência no campo acadêmico, no religioso e no das relações étnico-raciais no Brasil.” – diz a pesquisadora sobre o impacto de seus estudos na sociedade acadêmica.
Em sua obra, ela explora a figura de Exu, tradicionalmente vista através de uma lente masculina, e oferece uma nova perspectiva ao analisar o papel das mulheres no contexto do matriarcado nagô. O livro é um marco na valorização da experiência feminina dentro das religiões afro-brasileiras, desafiando preconceitos e ampliando o entendimento sobre a simbologia e o papel de Exu.
Claudia também tem se destacado na mídia e em discussões públicas sobre o impacto das grandes obras de infraestrutura nas comunidades tradicionais. Em uma de suas análises, ela critica a forma como a expansão do metrô em São Paulo tem interferido nas práticas religiosas e culturais do Quilombo Saracura, uma comunidade afro-brasileira histórica.
Trabalhando como comunicadora acima de tudo, ela permite o maior alcance de temáticas e destacando a religião, a mulher e a cidade dentro do cenário brasileiro.