Foto: Roberto Parizotti

Por Maria Vitória Moura

Ao contrário do que o governo Bolsonaro tenta passar, a situação econômica no Brasil não vai bem, especialmente para os mais pobres. Além das artimanhas para apresentar um crescimento artificial do PIB, explicitadas pela nova previsão do Banco Central de queda de 1,3% do PIB brasileiro no mês de agosto de 2022, a inflação também não vai tão bem assim, como Paulo Guedes apresenta.

Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação do grupo de alimentos e bebidas diminuiu 0,51% entre agosto e setembro, sendo a primeira vez que há uma diminuição nesse grupo desde novembro de 2021.

Apesar dessa deflação, os alimentos e bebidas ainda acumulam uma inflação de 9,54%, em relação ao período de janeiro a setembro. Essa é a maior alta nos primeiros 9 meses do ano desde o início do Plano Real, em 1994, e especialistas avaliam que não haverá outra deflação nos próximos meses de 2022.

“É uma inflação que tem impacto importante, que pesa na vida das pessoas. Elas percebem isso”, disse o economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, à Folha de São Paulo.

A compra de alimentos representa grande parcela da renda das famílias brasileiras. O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), publicou que em setembro o preço médio da cesta básica diminuiu em 12 das 17 capitais, mas, mesmo assim, apenas 5 das 17 metrópoles pesquisadas tinham cesta básica abaixo de R$ 600, o valor do Auxílio Brasil.

Mesmo com a deflação dos alimentos, cujo acúmulo de 12 meses passou de 13,43% para 11,71%, a inflação desse grupo ainda está há 7 meses acima do IPCA, cujo acúmulo no mesmo período é de 7,17%. Essa deflação no grupo de alimentos e bebidas se deu, principalmente, pela queda no preço do leite, que havia disparado no período entressafras e teve uma queda de 12% na prévia da inflação de setembro.