Indígenas do povo Krenak se reuniram em Brasília na tarde desta terça-feira (20) para protestar contra a mesa de repactuação do crime socioambiental em Mariana (MG), na porta de um hotel da cidade, mesmo local onde ocorreu a última reunião da repactuação. O grupo denunciou a falta de participação popular nas negociações referentes ao desastre que afetou terras e modos de vida de mais de um milhão de atingidos após o rompimento da Barragem de Fundão, em 2015.

Participaram da mesa representantes dos governos estaduais e federal, AGU, Vale, BHP Billiton, Samarco, ministérios públicos e defensorias públicas da União, Minas Gerais e Espírito Santo, além do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6), que coordena as negociações. O ato, que começou por volta das 16h e durou pouco mais de uma hora, reivindicou a participação dos atingidos e dos povos originários na mesa de repactuação.

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“Estou liderando o povo Krenak como mulher indígena, e hoje estou aqui para dizer que somos contra a repactuação. Enquanto povo Krenak, enquanto povo originário, estamos lutando há anos por direitos, e eu falo o seguinte para vocês, não-indígenas: nós precisamos ser ouvidos do nosso jeito, o jeito que queremos, na hora que queremos. Não da forma que vocês querem e nem da forma que vocês estão colocando a portas fechadas, sem que o nosso povo seja ouvido e respeitado. Nós exigimos respeito pelo povo Krenak”, disse Wakrewa Krenak.

O protesto visa chamar a atenção das autoridades e da sociedade para a necessidade de incluir as comunidades atingidas no processo de decisão sobre as medidas de reparação e compensação pelos danos causados pelo crime socioambiental em Mariana. Cerca de 30 indígenas participaram da manifestação nesta terça-feira, que marca o segundo dia da nova rodada de negociações para a repactuação de Mariana, prevista para se encerrar na quinta-feira (22).

Os Krenak, cuja cultura e sobrevivência estão diretamente ligadas ao Rio Doce, um dos principais afetados pelo desastre, reivindicam maior transparência e justiça nas ações que envolvem a recuperação ambiental e social da região. O ato também reforça a urgência de um diálogo inclusivo e representativo, onde as vozes dos povos originários e milhares de atingidos sejam ouvidas e respeitadas. Após o protesto, o grupo pretende permanecer na capital federal para uma agenda no Ministério dos Povos Indígenas.