Um levantamento recente do Datafolha, realizado em outubro, revelou que 42% dos brasileiros sentiram que sua vida foi muito impactada pelas queimadas e a fumaça que se espalharam pelo país nos últimos meses. A pesquisa, que ouviu 2.029 pessoas em 113 municípios de todas as regiões do Brasil, mostrou que a percepção de impacto foi especialmente alta no Centro-Oeste e no Norte, regiões que enfrentam uma proximidade maior com os incêndios florestais e a poluição gerada por eles.

A análise aponta que a crise de queimadas coincidiu com a pior seca dos últimos 75 anos, de acordo com o Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais). A situação se agravou nos meses de agosto e setembro, quando os focos de incêndio ultrapassaram os 150 mil em todo o território nacional, segundo o sistema BD Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Estados como Mato Grosso, Pará e Tocantins lideraram os números de queimadas, contribuindo para uma extensa área devastada, comparável ao tamanho do estado de Roraima.

Além dos impactos na vida cotidiana, a pesquisa do Datafolha também destacou os efeitos negativos à saúde da população. Cerca de 34% dos entrevistados relataram ter sofrido problemas significativos de saúde em decorrência da fumaça, principalmente os moradores das regiões Centro-Oeste e Norte, onde 43% indicaram grande desconforto. A poluição do ar tornou-se visível até mesmo em grandes centros urbanos, como São Paulo e Belo Horizonte, onde mais de 40% da população relatou problemas respiratórios.

O cenário de degradação ambiental e os impactos diretos na vida da população têm gerado um aumento da percepção sobre a urgência das mudanças climáticas entre os brasileiros.