Idosas iniciam movimento que cobra medidas urgentes sobre justiça climática
Grupo alerta para aumento de ondas de calor, que cada vez mais causam mortes de idosos, e cobram autoridades por uma solução
Nesta quarta-feira (29), o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos começa a avaliar casos que questionam ações governamentais insuficientes para combater o aquecimento global. Caso seja considerado que essas ações resultam em uma violação dos direitos humanos, será um passo histórico para as discussões climáticas.
O primeiro processo a ser apresentado é movido por um grupo de aposentadas suíças contra o governo de seu país. Com uma idade média de 73 anos, as integrantes da organização Klima Senior Innen (Mulheres Sênior pela Proteção do Clima) acusam a Suíça de manter políticas “claramente inadequadas” e insuficientes para atingir o objetivo de limitar o aquecimento global a 1,5ºC, conforme assinado no Acordo de Paris.
O caso, que conta com o auxílio do Greenpeace, afirma que há quatro violações aos direitos humanos na conduta do país, entre eles o direito à vida dessas mulheres.
“Não é a nossa própria sobrevivência e saúde que impulsionam a mim e a muitos de nós, sêniores pelo clima. No processo legal, estamos lutando apenas pelos nossos direitos humanos. Ao mesmo tempo, é importante para nós que essa luta também beneficie as gerações mais jovens e futuras. A grande preocupação com o futuro de nossos filhos e netos é uma motivação importante e inegável para meu compromisso”, relata Elisabeth Stern, uma das integrantes do KlimaSeniorinnen.
Será a primeira vez que a Grande Câmara da corte – que só lida com os processos que levantem grandes questionamentos à interpretação da convenção dos direitos humanos – vai analisar casos relacionados às mudanças climáticas, revelou a jornalista Giuliana Miranda, de Lisboa (PT), na Folha de S. Paulo.
Idosos entre os grupos com mais riscos
O processo é embasado com um dossiê que lista uma série de estudos científicos e tratados internacionais. Entre os argumentos mencionados estão as conclusões do IPCC, o painel de cientistas do clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que lista as mulheres e as pessoas idosas entre os grupos com mais risco de mortalidade relacionada às ondas de calor, fenômenos que também se intensificam com as mudanças climáticas.
Uma eventual decisão favorável aos autores dos processos pode levar a ordens expressas para que os governos europeus adotem ações mais efetivas para reduzir a emissão de gases causadores de efeito estufa, que são os principais responsáveis pelo aumento global de temperaturas.