Ângela Maria da Silva tem 60 anos e passou 47 anos de sua vida em condições de exploração como empregada doméstica em uma fazenda em Frutal (MG). Resgatada pelo Ministério do Trabalho, Ângela encontrou abrigo em uma casa em Uberlândia, que se tornou um refúgio para trabalhadoras domésticas resgatadas de situações similares. O caso foi revelado pelo programa Profissão Repórter.

Ângela relata ter começado a trabalhar aos 12 anos na propriedade, onde foi vítima de abusos físicos e emocionais por duas gerações da mesma família. Em seu resgate, fiscais encontraram marcas visíveis de violência, incluindo um olho roxo recente, resultado de uma agressão. Ela descreveu episódios de sufocamento e estrangulamento como parte do padrão de abuso que enfrentou ao longo dos anos.

Questionada sobre o momento em que soube que estava livre, Ângela expressou alívio e esperança: “Quando me disseram ‘agora você está livre, ninguém vai fazer mais nada com você’, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, porque eu sabia que, a partir daquele momento, minha vida iria mudar”.

A denúncia que levou ao resgate de Ângela partiu de vizinhos preocupados com sua situação. A Justiça determinou que ela receba os salários nunca pagos e uma indenização por todas as formas de abuso e violência sofridas. Os antigos patrões faleceram, e advogados da família recorreram da decisão inicial, aguardando um novo julgamento.