Homenagem à Bruna Linzmeyer e performance de Célia Xakriabá marcam a abertura da 28ª Mostra de Tiradentes
Cerimônia aconteceu na noite desta sexta-feira (23)
Foi dada a largada da 28ª edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, evento que abre o calendário do audiovisual brasileiro. A cerimônia aconteceu no Cine Tenda, locado no centro histórico da cidade. Com a casa cheia, a noite contou com apresentações memoráveis.
Marcando o tema “Que cinema é esse?”, a performance audiovisual foi realizada por artistas como Eda Costa, Johnny Herno, Manu Dias, Rodrigo Negão, Sérgio Pererê. O show teve direção de Chico de Paula, que também assinou o roteiro ao lado de Raquel Hallak, trilha ao vivo de DJ Fê Linz, VJ Lucih e apresentação de David Maurity.
Outro destaque das apresentações foi a presença da líder indígena Célia Xakriabá, que fez uma fala potente mesclando a importância do cinema na preservação e valorização dos povos originários brasileiros.
A defesa do meio ambiente por meio da importância da Serra de São José, que circunda a região da cidade histórica mineira, também foi um tema abordado. A coordenadora geral do evento, Raquel Hallak, destacou o papel transformador do cinema brasileiro.
“Nossa produção é rica, plural e audaciosa e conduz nossa imaginação até onde pode nos transformar”, afirmou. A Serra de São José, elemento simbólico da cidade, foi lembrada por sua importância cultural e ambiental, que precisa ser preservada contra a exploração que ameaça seu patrimônio.
Raquel reforçou o protagonismo da Mostra de Tiradentes como espaço de encontros e fomento ao cinema contemporâneo. “Aqui é ponto de convergência entre sonhos e realidade, um retrato do cinema como imagem do nosso país”.
A atriz Bruna Linzmeyer emocionou a todos ao receber o Troféu Barroco como a grande homenageada desta edição.
“Eu nunca sonhei ser atriz, tendo nascido numa pequena cidade do interior de Santa Catarina, mas ter vindo de lá formou meu jeito de sonhar e de estar com as pessoas”, disse.
Ao lado de seus pais e amigos de vida e profissão, Bruna exaltou o ofício de ser atriz como um trabalho profundamente conectado às emoções e ao movimento: “Ser atriz é manter um olhar pro mundo e me deixar ser atravessada pelas histórias que outras pessoas me apresentam. E então, com o trabalho de uma equipe inteira, me tornar alguém que não sou eu, mas que é meu corpo, meus ossos, minha memória”, refletiu.
A atriz também destacou o poder transformador do cinema e do trabalho coletivo por trás das câmeras, reforçando a importância de espaços como a Mostra de Tiradentes. “É um privilégio viver o cinema dessa maneira, com tanto afeto, escuta e troca. Esse ofício me ensina todos os dias sobre mim mesma e sobre o mundo”.
A Mostra está apenas começando, ainda terá muita coisa boa pela frente.