“História é uma ferramenta de construção de identidade”, autores debatem história e memória da escravidão na Bienal do Livro
Com leitura de carta de Luiz Gama, autores comentam o momento atual, que está conectado ao fim da escravidão no Brasil mas que nunca deixou de oprimir a população negra.
No último fim de semana da Bienal do Livro, Laurentino Gomes, Ligia Fonseca Ferreira e Cris Guterres debateram a história e memória da escravidão no Brasil. Laurentino, que escreveu 3 livros que retratam o período colonial no Brasil até a proclamação da República e já tem previsto um livro sobre a escravidão, falou que a herança desse período da escravização é o que ainda mantém, até hoje, o Brasil como um país é atrasado.
“O que trava nossa jornada em direção ao futuro é consequência direta da escravidão. Tem pobres brancos no Brasil? Sim, claro que tem, mas a imensa maioria das pessoas pobres no Brasil são afrodescendentes. O quanto o Brasil perdeu de capital humano porque recusa sistematicamente oportunidades para essas pessoas? O Brasil é um país pobre, basicamente, porque não fez uma segunda abolição”, diz o escritor e jornalista.
"O Brasil é um país pobre porque não fez uma segunda abolição"
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) July 9, 2022
Laurentino Gomes fala sobre racismo e escravidão junto a Cris Guterres e Ligia Fonseca Ferreira na Bienal do Livro de São Paulo#ninjanabienal pic.twitter.com/NaMGNNmPLR
Ligia Fonseca Ferreira, que é professora e organizadora da obra “Lições de resistência — Artigos de Luiz Gama na imprensa de São Paulo e do Rio de Janeiro”, que fala sobre os trabalhos de Luis Gama, relembra do abolicionista que também era advogado, jornalista e não teve o devido registro de sua obra feito, bem como acaba sendo pouco lembrado por este feito. Ativista importantíssimo na luta pela abolição, Gama contribuiu também fortemente para a comunicação e retratos da época por meio da escrita. Gama era republicano e ressaltava a época ter “um sonho sublime” de um país “sem reis e sem escravos”. Lígia fala sobre um Luiz Gama mestre de narrativas:
E Ligia Fonseca Ferreira nos conta como Luiz Gama era um mestre de narrativas#ninjanabienal pic.twitter.com/KryYUK4C1O
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) July 9, 2022
Para complementar e ilustrar o que falava Gama, Cris Guterres, que mediava o debate, leu um trecho de uma carta de Luiz Gama:
A Cris Guterres lê um trecho de uma carta de Luiz Gama, jornalista abolicionista que fala sobre um Brasil sem reis e sem escravos na Bienal do Livro de São Paulo#ninjanabienal pic.twitter.com/sse8Smtpyd
— Mídia NINJA (@MidiaNINJA) July 9, 2022