Por: Yasmin Henrique

O hipismo fez sua estreia nos Jogos Olímpicos modernos em 1900, em Paris, com cinco provas disputadas na arena da Place de Breteuil. Para os Jogos de 2024, as competições do esporte serão sediadas no Palácio de Versalhes, onde uma arena temporária ao ar livre será montada na esplanada Etoile Royale, nas proximidades do Grande Canal e no coração dos jardins do Palácio. Os eventos ocorrerão de 27 de julho a 6 de agosto.

Na história das Olimpíadas, em 1952, durante os Jogos de Helsinque, as mulheres participaram pela primeira vez do adestramento, que passou a ser uma competição mista. Em 1964, elas começaram a competir em todas as provas equestres, estabelecendo o hipismo como o único esporte totalmente misto nos Jogos Olímpicos. Nesse esporte, as medalhas são concedidas tanto para competidores individuais quanto para equipes.

MODALIDADES DO HIPISMO

O hipismo nos Jogos Olímpicos, de acordo com o site oficial da edição Paris 2024, inclui três modalidades nas quais homens e mulheres competem em condições iguais:

  1. Saltos: Cavaleiros e cavalos enfrentam um percurso cronometrado com obstáculos. Penalidades são aplicadas por derrubar obstáculos. A agilidade, técnica e harmonia entre cavalo e cavaleiro são decisivas.
  2. Adestramento: Considerada a forma mais avançada de treinamento equestre. Cavalo e cavaleiro realizam movimentos artísticos ao som de música. Juízes avaliam a facilidade e fluidez dos movimentos.
  3. Concurso Completo de Equitação (CCE): Semelhante a um triatlo equestre, combina saltos, adestramento e cross-country. O cross-country envolve um percurso longo com obstáculos naturais e sólidos. Testa a resistência e habilidade dos competidores. O cavalo e cavaleiro mais versáteis vencem os três eventos.

TIME BRASIL

No Brasil, as competições hípicas tiveram seu início com o Torneio de Cavalaria, realizado em abril de 1641 em Maurícea, que hoje é Recife, Pernambuco. A primeira vez que o Brasil participou de competições hípicas internacionais foi em 1942, no Chile.

A Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) é a entidade encarregada de regulamentar, coordenar, promover e desenvolver oito modalidades equestres no Brasil: Adestramento, Atrelagem, Concurso Completo de Equitação, Enduro, Equitação Especial (Paraequestre), Rédeas, Volteio e Salto.

Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, a delegação brasileira, conforme anunciado pela CBH, terá nove atletas participando das três modalidades. Eles são:

Carlos Eduardo Parro (1979)

  • Cavalo: Safira (2012)
  • Local de Treinamento: Harthill Stud, Cheshire, Inglaterra
  • Participações: Tóquio 2021, Sidney 2000, Rio 2016, reserva em Atenas 2004 e Londres 2012

Marcio Carvalho Jorge (1975)

  • Cavalo: Castle Howard Casanova (2013)
  • Local de Treinamento: Marcio Jorge Training Center, Wiltshire
  • Participações: Rio 2016, Londres 2012

Ruy Leme da Fonseca Filho (1973)

  • Cavalo: BallyPatrick SRS (2011)
  • Local de Treinamento: Bombadill Equestrian Center, Hatford, Inglaterra
  • Participações: Rio 2016, Londres 2012, reserva em Atlanta 1996, técnico da equipe de Portugal em Atenas 2004

Rafael Mamprin Losano (1997)

  • Cavalo: Withington (2011)
  • Local de Treinamento: Marlborough, Inglaterra
  • Participações: Tóquio 2020, Pan-americanos de Santiago 2023, Lima 2019, reserva no Pan de Toronto 2015
Foto: Reprodução CBH – Time Brasil de Hipismo Completo

Rodrigo Pessoa (1972)

  • Cavalo: Major Tom (2013)
  • Recorde: Atleta brasileiro com maior número de participações, integrando pela oitava vez o Time Brasil nos Jogos de Paris 2024
  • Medalhas: Ouro individual em Atenas 2004, bronze por equipe em Atlanta 1996 e Sidney 2000
  • Outras Participações: Tóquio 2020, Londres 2012 (porta-bandeira), Pequim 2008, Barcelona 1992 (mais jovem atleta do Hipismo, competiu ao lado do pai, Neco Pessoa)

Yuri Mansur Guerios (1979)

  • Cavalo: Miss Blue-Saint Blue Farm (2013)
  • Participações: Tóquio 2020

Pedro Veniss (1983)

  • Cavalo: Nimrod de Muze Império Egípcio (2011)
  • Participações: Tóquio 2020 (equipe em 6º), Rio 2016 (equipe em 5º), Pequim 2008 (equipe em 10º)

Stephan Barcha (1989)

  • Cavalo: Chevaux Primavera Império Egípcio (2011)
  • Local de Treinamento: Chevaux – Brasília Country Club, São Paulo e Milestone Farm, Holanda
  • Participações: Rio 2016
Foto: Reprodução CBH – Time Brasil de Salto

João Victor Marcari Oliva (1996)

  • Cavalo: Feel Good V.O (2012)
  • Local de Treinamento: Mantovani Horses, Benavente, Portugal
  • Participações: Tóquio 2021, Rio 2016
Foto: Reprodução CBH – Time Brasil de Adestramento

ESPORTE OLÍMPICO E SUAS POLÊMICAS

Outros esportes que envolvem animais, como o rodeio, não fazem parte das Olimpíadas porque, para serem incluídos nos Jogos Olímpicos, precisam cumprir uma série de critérios, como:

  • Reconhecimento pelo COI: O COI (Comitê Olímpico Internacional), que organiza os Jogos Olímpicos, deve reconhecer a atividade como um esporte legítimo.
  • Federação Internacional reconhecida pelo COI: O esporte precisa ter uma Federação Internacional específica, que reúna federações de diversos países, similar à FIFA no futebol.
  • Número mínimo de países onde é praticado: A modalidade deve ser amplamente praticada, com muitos adeptos e diversas competições anuais em pelo menos 75 países de quatro continentes para modalidades masculinas e em pelo menos 40 países de três continentes para modalidades femininas.

Contudo, atender a esses critérios não assegura que um esporte seja incluído nas Olimpíadas. Existem modalidades que cumprem todas as exigências, mas não fazem parte dos Jogos devido à limitação do COI quanto ao número de esportes no evento. Para a inclusão de um novo esporte, é necessário remover outro.

Nesse contexto, existe um movimento que solicita a remoção do hipismo dos Jogos Olímpicos. Os defensores dessa causa destacam questões como a ausência de consentimento dos animais e o fato de que eles são submetidos a práticas que frequentemente envolvem rotinas exaustivas, violência e, em alguns casos, até mesmo o sacrifício dos animais.

Um exemplo frequentemente mencionado é o ocorrido nas Olimpíadas de Tóquio, onde, além do sacrifício do cavalo Jet Set, da delegação suíça, que se lesionou durante uma prova de equitação, outro cavalo, Saint Boy, da equipe alemã, foi agredido com um soco pela treinadora Kim Raisner durante o pentatlo. Esses incidentes tiveram ampla repercussão e levantaram questionamentos sobre a aceitação de “esportes com animais”, indo além das Olimpíadas.