Heroína da Nigéria, Chiamaka Nnadozie foi expulsa de casa por jogar futebol
Rejeição do pai quase encerrou a carreira da arqueira nigeriana, de apenas 22 anos, que faz história na Copa do Mundo Feminina
Rejeição do pai quase encerrou a carreira da arqueira nigeriana, de apenas 22 anos, que faz história na Copa do Mundo Feminina
Por Kelly De Conti
A partida entre Canadá e Nigéria, pela primeira rodada da Copa do Mundo Feminina, estava eletrizante quando a atacante Christine Sinclair foi derrubada na área. Com o pênalti marcado, a experiente jogadora teve chance de fazer história: seria a primeira atleta a marcar em seis Copas diferentes.
Bola na marca do pênalti, distância tomada, chute no canto direito e… pega Nnadozie! A arqueira das Super Águias voou para a defesa.
❌️ Penalty missed by Christine Sinclair for Canada.
— H/F (@hfworld_) July 21, 2023
Nigeria Goalkeeper, Chaimaka Nnadozie saves it.#CAN #NGA #FIFAWWCpic.twitter.com/xW5PoBGZLn
O lance foi, apenas, uma das grandes participações da goleira, que se tornou a primeira africana a defender uma penalidade, em toda a história da Copa do Mundo Feminina. A atuação rendeu, a ela, o prêmio de melhor jogadora do duelo. Uma glória que coroa a trajetória da atleta que, quase, teve sua carreira interrompida pelo pai.
“Foi um sonho que vem se tornando realidade para mim, pessoalmente. Eu disse a mim mesma: ‘Menina, vai fazer o teu melhor’ e, com a ajuda das jogadoras, foi muito bom”, disse após a partida.
Antes do sucesso, Nnadozie enfrentou a rejeição do pai, que não entendia a fixação da menina pelo futebol e insistia para que a filha desistisse.
“Em certo momento, ele jurou que eu nunca seria alguém na vida. Ele concluiu que eu seria apenas uma inútil. Meu pai me expulsou de casa porque eu me recusei a aprender um ofício. Então, eu me dei um tempo para que, se não tivesse sucesso no futebol até os 20 anos, voltaria a meu pai e pediria perdão. Antes mesmo de completar 15 anos, fui convocada pela seleção sub-17, o que foi um trampolim”, afirmou ao jornal nigeriano Independent.
Sozinha, ela fez das traves a sua casa e, com o tempo, o pai percebeu que era ele quem estava errado.
“Quando ele me viu na televisão, ficou feliz e disse que eu era sua filha. Foi o que realmente me motivou”, declarou a jogadora.
A partir dali, a história de Nnadozie mudou por completo. Em 2019, disputou sua primeira Copa do Mundo. Com apenas 19 anos, ela se tornou a goleira mais jovem a não sofrer gols em uma partida do mundial feminino, feito que ocorreu na vitória das Super Águias contra a Coreia do Sul.
No mesmo ano, defendeu três penalidades, na final contra Camarões, nos Jogos Africanos no Marrocos. A atuação ajudou o seu país a garantir a medalha de ouro na competição.
Até então, a goleira atuava pelo River Angels, de seu país natal. Mas, em 2020, o Paris FC contratou Nnadozie.
O sucesso foi imediato, alcançando o número de 60 jogos pelo time francês. Na temporada 2022/2023, disputou 21 partidas e sofreu apenas 17 gols no campeonato nacional. Foram 12 vitórias, 3 empates e 3 derrotas. O time terminou em terceiro lugar e conquistou a vaga na UEFA Champions League Feminina.
Nesta quinta (27), Nnadozie entra em campo para a partida contra a anfitriã Austrália, às 7h (Brasília). O duelo, válido pela segunda rodada, acontece no Suncorp Stadium, em Brisbane.
Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube