Por: Rafaela Pontes

Antes do início dos Jogos Olímpicos de 2024, um usuário do X (antigo Twitter)  relatou que ao tentar usar a função “explorar” do Grindr, um aplicativo de relacionamentos LGBTQIA+,  na Vila Olímpica em Paris, o aplicativo parecia “bloqueado” na região. 

https://twitter.com/LouisPisano/status/1815465045020864591

Após a postagem ganhar repercussão, o Grindr publicou uma declaração explicando que a desativação da função foi uma decisão para proteger a identidade de atletas LGBTQIA+ participando das Olimpíadas. 

Nos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio, o jornalista britânico Nico Hines utilizou  a função de geolocalização como uma armadilha para encontrar atletas na Vila Olímpica do Rio e escrever um artigo sobre o assunto.

O jornalista, que é heterosexual, criou um perfil falso no Grindr e chegou a marcar encontros com diversos atletas. Embora ele não tenha identificado atletas por nomes, forneceu  detalhes como modalidade, nacionalidade e características físicas que tornaram possível a identificação de alguns atletas que não eram publicamente assumidos como LGBTQIA+. 

O artigo se tornou ainda mais polêmico quando Nico mencionou um atleta de um país da Ásia Central onde a homossexualidade é criminalizada, colocando este atleta em perigo em seu país natal. 

O jornalista foi duramente criticado e emitiu uma nota de desculpas pelo artigo, que foi editado para excluir detalhes sobre os atletas. 

Foto: Leon Neal/Getty Images

Resposta do Grindr 

Para evitar outro acidente como o de 2016, o Grindr decidiu tomar precauções para proteger a identidade dos atletas em eventos como os Jogos Olímpicos. 

Nas Olimpíadas de Inverno de 2022, o Grindr já havia desabilitado funções de geolocalização do aplicativo dentro da Vila Olímpica e locais de competição. Em 2024, o Grindr anunciou medidas adicionais para proteger a identidade dos atletas, permitindo que eles usem o aplicativo durante os Jogos de maneira segura. 

As medidas tomadas pelo aplicativo dentro da Vila Olímpica incluem:

  • Desabilitar a função que permite que usuários de fora mudem a localização para “explorar” a área da Vila Olímpica
  • Desabilitar capturas de tela de imagens de perfil e imagens enviadas  em conversas  
  • Desabilitar o envio de vídeos 

Em nota, o Grindr afirmou que essas medidas são “a maneira que encontramos para garantir que atletas LGBTQIA+ possam se conectar  de forma autêntica sem se preocuparem com a exposição.” 

Com pelo menos 144 atletas assumidos competindo em Paris, o Grindr assumiu a responsabilidade de proteger a privacidade desses atletas e daqueles  que não são publicamente assumidos.