Greve pelo clima: entenda por que o mundo vai às ruas nesta sexta-feira
Hoje, 20 de setembro, pessoas do mundo todo foram e vão às ruas para entrar em Greve pelo Clima. Vejamos como essa grande onda de enfrentamento à crise climática iminente se espalhou como um tsunami por todo o planeta.
Por Roberta Guimarães / NINJA Ambiental
Hoje, 20 de setembro, pessoas do mundo todo foram e vão às ruas para entrar em Greve pelo Clima. Vejamos como essa grande onda de enfrentamento à crise climática iminente se espalhou como um tsunami por todo o planeta.
A Cúpula do Clima convocada pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, faz de Nova York o epicentro do movimento. A missão é aumentar a ambição dos vários países em relação às metas de enfrentamento às mudanças climáticas. O evento acontece logo antes do início da Assembleia Geral da ONU nessa segunda-feira, dia 23 de setembro.
O discurso do Brasil na Cúpula do Clima foi vetado, confirmando de forma vexatória a posição marginal de Jair Bolsonaro entre os líderes mundiais. Não bastasse a aceleração do desmatamento e queimadas na Amazônia que suscitaram reações de proporções globais, segundo o representante da secretaria-geral da ONU Luis Alfonso de Alba, o Brasil não apresentou nenhum plano para manter o compromisso com o clima.
Juntam-se ao Brasil entre os “párias do clima” Estados Unidos, Austrália, Coreia do Sul, Japão e Arábia Saudita, contrastando com os 63 países que irão discursar no evento reafirmando seu compromisso com as metas de redução emissões de gases do efeito estufa.
Coincidência ou não, também nessa quarta-feira dia 18 de setembro, o parlamento austríaco votou pelo veto no Conselho Europeu ao acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. De acordo com o presidente do partido social-democrata, o veto seria “um grande triunfo para os consumidores, o meio ambiente, a proteção dos animais e os direitos humanos”.
Destoando da atual do Brasil em relação ao meio ambiente, uma pesquisa do Datafolha de julho 2019 demonstra que 85% dos brasileiros acreditam que o mundo está se aquecendo e 72% dizem que as atividades humanas contribuem muito com o fenômeno. Chama atenção na pesquisa que, entre aqueles que avaliam como bom o Governo de Jair Bolsonaro, a quantidade de pessoas que acreditam nas mudanças climáticas é ainda maior, 86% contra 81% entre os que reprovam o Governo. Isso demonstra que a política ambiental de Bolsonaro está na contramão do que desejam até seus próprios eleitores.
Não é à toa, portanto, que o tsunami de atos em prol do clima que irá paralisar grandes e pequenas cidades em cinco continentes em países, chega também com grande força ao Brasil nesse dia 20 de setembro. Aqui, a organização Coalização pelo Clima formada por cerca 70 organizações ambientalistas, de direitos humanos, coletivos, movimentos sociais e sindicais, vem impulsionando as mobilizações por todo o Brasil. Confira a agenda atualizada dos movimentos na sua região aqui.
Um tsunami começa com uma gota
A Coalizão pelo Clima é inspirada no movimento de amplitude global Fridays for Future (Sextas-feiras pelo Futuro), iniciado pela renomada ativista sueca Greta Thunberg, hoje com apenas 16 anos. Inconformada com a passividade dos líderes mundiais frente à emergência climática, Greta começou a faltar à escola todas as sextas-feiras para protestar sozinha em frente ao parlamento sueco. A cada sexta-feira, mais e mais crianças juntavam-se a ela, até que os, com a ajuda das mídias sociais, romperam as fronteiras de seu país e mobilizaram outras crianças em diversos países do mundo a fazer o mesmo.
O movimento Fridays for Futures já superou a barreiras de língua, cultura e idade e hoje o movimento prepara-se para romper mais um obstáculo: o político. É o momento de ganharmos mais uma vez as ruas, agora juntos, para mostrar que a luta pelo nosso futuro e pela sobrevivência das nossas crianças tem sim a urgência necessária para nos reunir numa só voz.