Por José Carlos Almeida, com informações da Folha e o Globo

A participação da Braskem, gigante brasileira da petroquímica, na COP28, em Dubai, tem gerado controvérsias e críticas de ativistas climáticos. Enquanto a empresa destaca sua “agenda verde” no pavilhão brasileiro, empenhando-se em duas palestras sobre o meio ambiente, Maceió, em Alagoas, enfrenta uma situação de iminente desastre devido às atividades de mineração da Braskem na região.

A cidade de Maceió está em alerta máximo devido à instabilidade causada pela exploração de sal-gema pela Braskem. A mina número 18, localizada no bairro do Mutange, enfrenta risco iminente de colapso, conforme indicam registros da Defesa Civil. O solo afundou 13 centímetros nas últimas 24 horas, e abalos sísmicos continuam a ser registrados, agravando a preocupação das autoridades locais.

O escritório de advocacia Pogust Goodhead, representando afetados pelo desastre em Maceió, busca responsabilização da Braskem e aguarda uma audiência de mérito em Roterdã, marcada para 15 de fevereiro de 2024.

Contradições na COP28: “Agenda verde” da Braskem sob questionamento

Enquanto a Braskem destaca seus “feitos sustentáveis” na COP28, ativistas, como o advogado Felipe Hotta, expressam sua insatisfação com a presença da empresa no evento. Hotta, sócio do escritório que representa as vítimas em Maceió, questiona a legitimidade da “agenda verde” da Braskem, considerando as graves consequências socioambientais de suas operações em Alagoas.

A participação da Braskem na COP28 inclui duas palestras programadas para os próximos dias. A primeira, intitulada “O papel da indústria na economia circular de carbono neutro”, está marcada para sexta-feira (8). A segunda, sobre “Impactos da mudança do clima e a necessidade de adaptação da indústria”, ocorrerá na segunda-feira seguinte (11).

Ativistas climáticos, como Hotta, veem com desconfiança o discurso sustentável da Braskem, considerando as alegações de “greenwashing” diante do desastre contínuo em Maceió.

A Braskem não é a única empresa brasileira no pavilhão oficial em Dubai a enfrentar críticas. Vale, Petrobras e Syngenta também integram o evento, apesar de seus históricos controversos. Vale é responsável pelos desastres de Mariana e Brumadinho, Petrobras enfrenta questões ambientais em suas operações, e a Syngenta é acusada de vender agrotóxicos proibidos.

Enquanto empresas brasileiras buscam apresentar uma imagem sustentável na COP28, a realidade em Maceió destaca os desafios reais enfrentados por comunidades afetadas por práticas insustentáveis. A contradição entre o discurso e a realidade levanta questionamentos sobre a eficácia dos compromissos ambientais proclamados por grandes corporações na COP28.