A maior e principal categoria do Grammy conta com dez indicados, de diversos gêneros e perfis, tornando-o ainda mais interessante. Se não ouviu todos ainda, vem com a gente que ainda dá tempo
Por Sérgio Madruga
As expectativas estão altíssimas para a 64ª edição do Grammy Awards, que acontece neste domingo (3), na MGM Grand Garden Arena, em Las Vegas. São mais de 80 categorias nesta, que é considerada a maior premiação de música da indústria.
E sem sombra de dúvidas, um dos prêmios mais esperados (e cobiçados) da noite, Album Of The Year (Álbum do Ano), está bastante concorrido, apesar de previsões que são quase unânimes a uma indicada específica: Olivia Rodrigo. Porém, mesmo com o resultado previsto, são dez álbuns incríveis que tiveram destaque após seus lançamentos, e que devem ser conferidos e apreciados.
Desde que surgiu na mídia, Lil Nas X chamou a atenção de todos. Começando pelo hit “Old Town Road”, que quebrou recordes e deixou fãs e crítica especializada atentos pelo o que o artista faria a seguir. E não deu outra, foi um hit atrás de outro, até o rapper de apenas 22 anos lançar seu álbum de estreia, “Montero“, em setembro do ano passado, levando Lil Nas à disputa de Álbum do Ano no Grammy.
Além dos sucessos que precederam o lançamento, “Montero (Call Me By Your Name)” e “Industry Baby (feat. Jack Harlow)”, o disco traz parcerias de peso, como Doja Cat, Elton John, Megan Thee Stallion e Miley Cyrus. Lil Nas X também chama a atenção por sua videografia e performances ao vivo, sem falar no fator representativo que o cantor promove, sendo um homem negro e gay assumido, representando um gênero musical carregado de machismo e homofobia.
Quem também está na disputa ao prêmio é o já veterano Justin Bieber, que concorre com seu sexto álbum de estúdio “Justice (Triple Chucks Deluxe)“. Em entrevista à revista Rolling Stone, Bieber disse que este álbum foi a forma que ele encontrou de proporcionar conforto aos fãs, criando músicas que todos pudessem se identificar, se conectar e se sentir menos sozinhas: “O sofrimento, a injustiça e a dor podem deixar as pessoas desamparadas. A música é uma ótima maneira de lembrar um ao outro que não estamos sozinhos”.
O disco, que traz uma sonoridade bastante pop, tem parcerias com diversos artistas, como Khalid, Chance The Rapper, Kid LAROI, Daniel Caesar e Giveon – do hit “Peaches” -, entre outros.
Concorrendo ao gramofone de Álbum do Ano com seu tão esperado disco de estreia “Back Of My Mind“, H.E.R. apresenta seu R&B cativante em 21 músicas que contam com colaborações de Ty Dolla $ign (na faixa-título), Lil Baby, Chris Brown, entre outros.
“Costumo dizer coisas que acho que temos medo de dizer… Eu canto as coisas que às vezes são difíceis de articular, as coisas que ficam no fundo de nossas mentes às quais não prestamos muita atenção, as coisas que temos medo de defender ou não estamos muito confiantes”, afirmou a cantora em entrevista à MTV News.
Vale lembrar que em 2021, H.E.R. venceu o notório Grammy de Música do Ano com “I Can’t Breath”, criação inspirada nos trágicos assassinatos de George Floyd e Breonna Taylor, vítimas da brutalidade policial norte-americana.
Não é novidade que vindo de Kanye West, tudo é possível. As expectativas de “Donda“, seu décimo álbum de estúdio, eram altas. Porém, com inúmeras mudanças de percurso, desde a capa do projeto à data de lançamento, os fãs do rapper só puderam emergir em sua nova obra quando o mesmo realizou eventos gigantescos no formato listening party, em arenas dos Estados Unidos (com direito a transmissão ao vivo pela Apple Music), entre julho e agosto de 2021.
“Donda” finalmente foi lançado em 29 de agosto do mesmo ano, e leva esse nome por ser uma homenagem à mãe de Kanye, Donda West, que faleceu em 2007.
O medo do segundo álbum é um clichê para os artistas. Principalmente se o antecessor foi um sucesso. Billie Eilish lançou “When We All Fall Asleep, Where Do We Go?” em 2019, e logo foi catapultada para a fama. Varreu as principais categorias do Grammy no ano seguinte, deixando a todos um questionamento: o que virá depois? Eis que a jovem de apenas 20 anos lança seu segundo e tão esperado álbum, “Happier Than Ever“. Com produção assinada por seu irmão Finneas O’Connell – com quem também trabalhou no primeiro -, Billie calou quem ainda tinha dúvidas de que ela realmente era uma grande artista.
Em sua crítica para o Pitchfork, Quinn Moreland escreveu: “Em seu segundo álbum, Billie Eilish canta com honestidade implacável sobre sua rápida ascensão ao estrelato e todos os horrores que a acompanham. É tonto, melódico sem esforço e mostra seu domínio sobre a paisagem pop”.
Após pegar todos de surpresa com o lançamento de “Folklore” em julho de 2020, Taylor Swift repetiu o feito em dezembro do mesmo ano, lançando “Evermore”, disco que a mesma disse ser o álbum-irmã do antecessor.
Assim como em “Folklore” (vencedor do Grammy de Álbum do Ano em 2021), “Evermore” traz a parceria de Taylor com o membro da banda indie The National, Aaron Dessner, e segue na mesma proposta sonora folk, pop e até mesmo country, gênero musical que faz parte das raízes da carreira de Swift. O projeto também conta com a produção de Jack Antonoff, que já é um colaborador de longa data, e featurings com Bon Iver na faixa-título, The National em “Coney Island” e Haim em “No Body, No Crime”.
Sete anos depois do lançamento de “Cheek to Cheek”, o ícone pop Lady Gaga e o mestre do jazz Tony Bennett voltam a trabalhar juntos em “Love For Sale“, segundo projeto colaborativo dos artistas lançado no ano passado. O álbum é uma homenagem ao músico e compositor Cole Porter, contendo covers de suas músicas como “Do I Love You “, ” I’ve Got You Under My Skin”, ” I Concentrate on You “, entre outras.
Diagnosticado com doença de Alzheimer desde 2016, Tony Bennett infelizmente precisou cancelar a turnê que faria ao lado de Lady Gaga, sendo o especial acústico exibido pela MTV, uma de suas últimas apresentações ao vivo antes dele se aposentar.
Conhecida como a rainha do TikTok, Doja Cat elevou o patamar do pop atual com “Planet Her (Deluxe)“. A jovem rapper de 26 anos sabe fazer um mix coeso de músicas que ficam na sua cabeça por dias e visuais que prendem a atenção de qualquer um. Em entrevista à MTV News, a cantora disse que planejava ir além do que entendia como estética pop e rap, enquanto conceito: “Eu queria literalmente viajar para fora do planeta. Quando se trata de vídeos, escolha de palavras, melodias e combinações musicais, eu queria que fosse diferente. Eu queria que parecesse de outro mundo”, revelou.
O álbum possui parcerias da rapper com Ariana Grande, The Weeknd e SZA, com quem divide os vocais em “Kiss Me More”, hit que bateu recordes e soma números gigantescos.
Cotada como favorita a levar os principais prêmios do Grammy 2022 (incluindo Álbum do Ano) pela Billboard e Pitchfork, Olivia Rodrigo conseguiu notoriedade em pouquíssimo tempo de carreira. Ao lançar seu primeiro single “Drivers License”, Olivia conseguiu debutar em número um na Billboard, mantendo a marca por semanas. Pouco tempo depois, a cantora de 19 anos lançou “Deja Vu” e “Good 4 U”, que repetiram o mesmo sucesso. Mas foi só em 21 de maio de 2021 que o público pôde ouvir “Sour“, seu primeiro álbum de estúdio.
Misturando referências de tudo o que Olivia gostava de ouvir, “Sour” contém faixas pop, pop/rock e algumas baladas, que trazem dilemas corriqueiros de uma adolescente. Inspirada por artistas como Taylor Swift, Lorde e Phoebe Bridgers, a artista compõe todas as suas músicas, fato que é um diferencial em meio a tantos jovens artistas super produzidos e fabricados por outros profissionais.
Liderando as indicações do Grammy 2022 (são 11 no total), o cantor, compositor e pianista de jazz Jon Batiste concorre com seu oitavo álbum de estúdio, “We Are“.
A música está na ancestralidade de Jon Batiste, que pertence a uma família de forte relevância musical em Nova Orleans. O artista de 35 anos já trabalhou com gigantes da música, incluindo Stevie Wonder, Prince, Willie Nelson, Lenny Kravitz, entre outros. Além de fazer parte da banda e ser diretor musical do programa de televisão norte-americano The Late Show With Stephen Colbert. No ano passado, Batiste venceu o prêmio de Melhor Trilha Sonora Original no Oscar, Globo de Ouro e BAFTA.
De fato um artista importantíssimo, não apenas por seu talento, mas também por estar propagando sua música para além da lógica comercial, fazendo shows gratuitos na rua e participando de manifestações políticas e sociais, como os protestos do Black Lives Matter.
Texto produzido em cobertura colaborativa do S.O.M