Duas semanas após a assinatura de um acordo entre o governo federal e plataformas de redes sociais para combater a desinformação sobre a tragédia no Rio Grande do Sul, o Palácio do Planalto considera que a iniciativa teve mais impacto simbólico do que prático. Segundo auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a parceria não conseguiu impedir a proliferação de fake news, prejudicando os esforços de ajuda à população gaúcha.

Casos recentes de desinformação, como a falsa notícia sobre o rompimento de um dique em Canoas, que levou ao afastamento de sete militares do Exército, demonstram a limitada eficácia do protocolo. Além disso, rumores falsos sobre o arroz importado pelo governo contendo lombrigas geneticamente modificadas e a não contabilização correta do número de mortos nas enchentes continuaram a circular, gerando mais desconfiança e pânico entre a população.

O acordo foi firmado no dia 20 de maio pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, e representantes de várias big techs, incluindo Google, Meta, TikTok, X, Kwai e LinkedIn. As plataformas se comprometeram a facilitar o acesso a informações oficiais sobre a calamidade, mas propostas como a remoção de conteúdos falsos em até 12 horas foram vetadas, resultando em um protocolo considerado vago pelos envolvidos nas negociações.

Enquanto o governo ainda não possui um balanço oficial sobre a proliferação de conteúdo falso após o acordo, Google, Kwai e LinkedIn se declararam empenhados em colaborar. Já Meta, TikTok e X não responderam às solicitações de comentário. Diante dessa situação, auxiliares de Lula estão planejando reuniões quinzenais para avaliar o progresso e realizar ajustes necessários.

Enquanto isso, a situação no Rio Grande do Sul permanece grave. O nível do lago Guaíba baixou para 3,45 metros, ainda abaixo da cota de inundação. O número de mortos subiu para 172, com 42 desaparecidos e 580 mil desalojados. Mais de 37 mil pessoas estão em abrigos temporários, e 2,3 milhões de gaúchos de 475 cidades foram afetados pela tragédia. O governo continua a buscar soluções mais eficazes para combater a desinformação e garantir a segurança e o bem-estar da população afetada.