Por Yasmin Henrique para a cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube

O goalball, ao contrário de diversas outras modalidades paralimpíadas, foi desenvolvido especificamente para pessoas com deficiência visual. O jogo é realizado em uma quadra com as mesmas dimensões de uma quadra de vôlei, com 9 metros de largura e 18 metros de comprimento. As partidas são divididas em dois períodos de 12 minutos cada, com um intervalo de 3 minutos entre eles. Cada time é formado por três jogadores titulares e três substitutos.

Na modalidade, a bola possui guizos em seu interior, o que permite que os jogadores orientem seus movimentos pelo som. Como o jogo se baseia nas percepções táteis e auditivas, o silêncio no ginásio é crucial durante as partidas, sendo interrompido apenas nos momentos entre a marcação de um gol e a retomada do jogo ou nas pausas oficiais. Esse ambiente silencioso contrasta fortemente com a atmosfera barulhenta que se observa em outros esportes.

Nas extremidades da quadra, encontra-se um gol com 9 metros de largura e 1,30 metros de altura. Os atletas atuam tanto como arremessadores quanto como defensores. O arremesso da bola precisa ser feito de maneira rasteira ou tocando em zonas específicas da quadra, com o propósito de marcar gols contra a equipe adversária.

Os atletas que competem no goalball são classificados em três categorias principais, baseadas no nível de deficiência visual. A categoria B1 abrange aqueles que são totalmente cegos ou que possuem percepção de luz, mas sem capacidade de identificar formas. A categoria B2 inclui atletas que conseguem perceber vultos, enquanto a categoria B3 engloba aqueles que podem definir algumas imagens.

A classificação dos atletas é baseada na capacidade visual do olho com melhor visão e no máximo nível de correção possível da deficiência. Para garantir condições iguais de competição, todos os jogadores utilizam vendas durante as partidas, independentemente do grau de perda visual que possuem.

Histórico do Goalball

O goalball foi desenvolvido em 1946 pelo austríaco Hanz Lorenzen e pelo alemão Sepp Reindle com a finalidade de promover a reabilitação e a integração social de veteranos da Segunda Guerra Mundial que haviam perdido a visão. O esporte ganhou destaque como modalidade de alto rendimento durante os Jogos de Toronto em 1976.

Essa apresentação foi um marco que resultou na inclusão do goalball no programa paralímpico dos Jogos de Arnhem em 1980, inicialmente para a categoria masculina. A competição feminina entrou para os Jogos de Nova York em 1984, dois anos depois de a modalidade ter sido assumida pela Federação Internacional de Esportes para Cegos (IBSA).

No Brasil, o goalball foi introduzido em 1985 pelo professor Steven Dubner, da CADEVI, uma instituição que atende pessoas cegas em São Paulo. Desde 2011, a administração do esporte passou a ser responsabilidade da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).

O Brasil estabeleceu-se como uma das principais potências do goalball. A equipe feminina fez sua estreia nos Jogos Paralímpicos em Atenas, no ano de 2004. Desde essa participação inicial, o esporte tem crescido continuamente no país, com as seleções brasileiras se tornando progressivamente mais competitivas.

2008 – Jogos Paralímpicos de Pequim: Participação das seleções masculina e feminina representando o Brasil.
2011 – Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara: Medalha de ouro para a seleção masculina. Medalha de prata para a seleção feminina.
2012 – Jogos Paralímpicos de Londres: Seleção masculina conquista a inédita medalha de prata.
2014 – Campeonato Mundial em Espoo, Finlândia: Seleção masculina conquista seu primeiro título mundial, vencendo a equipe da casa por 9 a 1.
2015 – Jogos Parapan-Americanos de Toronto: Brasil campeão nas categorias masculina e feminina, em duelos contra os Estados Unidos.
2018 – Campeonato Mundial em Malmö, Suécia: Seleção masculina conquista o bicampeonato mundial com uma vitória por 8 a 3 sobre a Alemanha. Seleção feminina conquista sua primeira medalha em Mundiais: o bronze.
2019 – Jogos Parapan-Americanos de Lima: Brasil novamente campeão nas categorias masculina e feminina, em duelos contra os Estados Unidos.
2020 – Jogos Paralímpicos de Tóquio: Seleção masculina conquista o ouro inédito, consolidando o Brasil no topo do ranking mundial masculino. A Seleção feminina alcança a quinta posição no ranking mundial.

Paralimpíadas 2024

A Arena Paris Sul, situada no 15º distrito de Paris, será o palco dos dois torneios de goalball. Ela integra o Paris Expo, que é não só o maior centro de exposições e convenções da França, mas também um dos mais movimentados da Europa.

Arena Paris Sul | Foto: reprodução/Olympics

As seleções brasileiras que participarão dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 já chegaram à França. No dia 15 de agosto, os 12 atletas das equipes masculina e feminina desembarcaram no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.

Atualmente campeã paralímpica e tricampeã mundial, a seleção masculina chega a Paris com o objetivo de defender o título conquistado em Tóquio 2020. Leomon Moreno, um dos atletas que participou da vitória anterior, destacou que, embora a responsabilidade seja grande, a pressão não deve afetar o desempenho da equipe.

A seleção feminina está em busca de sua primeira medalha paralímpica. Na última edição dos Jogos, a equipe terminou em quarto lugar após perder a disputa pelo bronze para o Japão. A classificação para os Jogos de Paris foi obtida através de um convite da IBSA, após o Brasil garantir o bronze nos Jogos Mundiais do ano passado.

O goalball terá a participação de oito equipes em cada categoria na Paralimpíada de Paris 2024. No masculino, o Brasil está no grupo A, junto com Irã, Estados Unidos e França. Já no feminino, o Brasil competirá contra China, Israel e Turquia na fase de grupos. As seleções fazem suas estreias no dia 29 de agosto, com as mulheres jogando contra a Turquia às 05h30 (horário de Brasília) e os homens enfrentando a França às 12h30.