Por Isabella Vilela

Não temos como escapar: Hollywood está presa em ciclos de continuações e remakes. Em Gladiador II, Ridley Scott nos traz de volta à arena romana, mas o faz de um jeito que parece andar em círculos. A história, agora, foca em Lucius (Paul Mescal), o garoto que cresceu sob a sombra de Maximus, o lendário gladiador vivido por Russell Crowe. Porém, por mais que se concentre em Lucius, o filme parece ser uma regravação do primeiro. É como se o espírito de Maximus agora vivesse tanto em Lucius quanto em Acacius (Pedro Pascal), que também leva consigo a honra e a glória romana.

O que Gladiador II entrega de grandioso em escala e visual — com cenários construídos em tamanho real e lutas impressionantes —, ele deixa a desejar em ousadia narrativa. Ainda que Ridley Scott seja um mestre na hora de capturar a brutalidade e o esplendor do Império Romano, aqui o diretor parece mais preocupado em reproduzir o sucesso do primeiro filme do que em inovar. Para os vilões, interpretados por Joseph Quinn e Fred Hechinger, restou apenas a sombra do infame Cômodo, que Joaquin Phoenix tornou icônico. Em comparação, eles parecem rasos e repetitivos.

O verdadeiro roubo de cena acontece nas mãos de Denzel Washington, que interpreta Macrinus, o mentor de Lucius e novo mestre dos gladiadores. Se Scott tivesse dado apenas cinco minutos a mais para Washington, ele teria tomado o espetáculo inteiro para si. A presença do veterano e a intensidade de sua atuação ofuscam quase tudo ao redor. Ele impõe tanta personalidade ao papel que é quase impossível não desejar mais dele na trama, em contraste com as cenas de luta que, apesar de bem coreografadas, não possuem o mesmo impacto inovador do primeiro filme.

É claro que colocar atores como Pedro Pascal e Paul Mescal atrai a atenção das novas gerações. Esse elenco foi, sem dúvida, pensado para envolver o público atual e manter vivo o fascínio ocidental pelo Império Romano. Mas ao assistir a Gladiador II, é inevitável a comparação ao original de 2000, que faturou cinco Oscars. E ao fazer essa comparação, é possível perceber como essa continuação trata a história de forma simplificada e, por vezes, mastigada, sacrificando profundidade em favor da familiaridade.

No final das contas, Gladiador II é um espetáculo para os olhos, mas que deixa a desejar em frescor e autenticidade. Para os fãs do primeiro filme, a experiência pode estar de fato “gravada na eternidade”, mas fica aquela sensação de que essa sequência, talvez, não precisasse ter sido feita.

Texto produzido em colaboração a partir da Comunidade Cine NINJA. Seu conteúdo não expressa, necessariamente, a opinião oficial da Cine NINJA ou Mídia NINJA.