Por Carlos Soares e Rodrígo Olivêira, para Cobertura Colaborativa Paris 2024

Também conhecido como Luta Olímpica, o Wrestling é o esporte de combate mais antigo do mundo, se dividindo entre os estilos de embates greco-romanos e livres. Para a disputa da Olimpíada de Paris 2024, o Brasil terá uma representante de peso nesta modalidade. A atleta Giullia Penalber será a responsável por levar as cores do Brasil em solo parisiense.

A carioca de 32 anos de idade possui uma coleção de títulos na carreira, incluindo as medalhas de ouro e bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023 e Lima 2019, respectivamente. Se a experiência contar dentro do ringue francês, é bem possível que o Time Brasil volte para casa com uma medalha em um esporte tão tradicional.

Em entrevista ao NEC, Giullia Penalber revelou como chegou ao Wrestling

Dias antes de sua estreia em Paris2024, Giullia Penalber concedeu entrevista exclusiva para o Ninja Esporte Clube, revelando detalhes da sua relação com o Wrestling e a expectativa para o torneio.

A atleta afirma que sempre teve o esporte muito presente em sua vida. Já aos três anos de idade, ingressou no judô e seguiu no universo das artes marciais por influência direta do seu irmão Victor Penalber, o tendo como grande ídolo de sua vida.

“Sempre tive meu irmão, Victor Penalber, como um ídolo, e ingressei no universo das lutas graças a ele. Iniciei no judô aos 3 anos de idade, porque ele também estava e acabei seguindo carreira como atleta no judô”, afirmou Giullia.
Foto: Alexandre Loureiro/COB

No entanto, após mudanças nas regras do judô em 2010, a então judoca viu seu desempenho cair bastante, já que estes eram seus principais golpes na modalidade. Apesar de se sentir desanimada, Giullia decidiu treinar o Wrestling para aprimorar suas habilidades.

“No momento que estava mais desanimada busquei treinar de formas diferentes, e iniciei os treinamentos de Wrestling pensando em aprimorar algumas habilidades, mas comecei a competir e fui evoluindo e me apaixonando até decidir realizar a mudança de esporte pra buscar realizar meu sonho de ir aos Jogos Olímpicos”, declarou.

Realização do sonho olímpico e foco em Paris 2024

Após a mudança no esporte, ainda seguindo o sonho olímpico, Giullia começou a ter bons resultados nos campeonatos em que disputava. Competindo na categoria até 57kg, foi ouro duas vezes seguidas em Jogos Sul-Americanos, nas edições de Ottawa 2020 e Guatemala 2021. Além disso, garantiu ouro e bronze no Pan-Americano de Santiago 2023 e Lima 2019, respectivamente.

A campanha impecável no Pré-Olímpico de Istambul, com três vitórias e vaga na final, em maio deste ano, Penalber finalmente realizou o sonho de ser uma atleta olímpica. Focada no seu objetivo, a atleta se diz tranquila durante as preparações para Paris 2024.

“Estou tranquila e por enquanto estou tão focada no processo de preparação que ainda não bateu a ansiedade, mas estou animada pra vivenciar ao máximo essa experiência. A minha expectativa é estar leve para me entregar e desfrutar de cada momento pra apresentar a melhor Giullia que puder”, revelou ao NEC.
Foto: Reprodução/United World Westling

A competidora afirma ainda que, por ter sido atleta de alto rendimento no judô, a modalidade a ajudou a ter mais experiência. Apesar de na outra modalidade ser proibido as catadas de pernas, no Wrestling essa técnica costuma possuir uma pontuação elevada.

“O Judô é um esporte muito competitivo dentro do Brasil, e o fato de ter sido atleta de alto rendimento me trouxe uma experiência como competidora desde nova, apesar de ter sido em outro esporte.
Além disso, há algumas quedas que costumamos aperfeiçoar no judô que valem 4 pontos no Wrestling, o que acaba oferecendo um perigo maior pras adversárias por ser uma das maiores pontuações”, pontuou Giullia.

Igualdade de gênero nas Olimpíadas

Pela primeira vez na história, uma edição de Jogos Olímpicos tem maior participação de mulheres do que de homens. Fazendo parte deste grande feito, Giullia diz se sentir privilegiada e que tem admiração pelas mulheres que batalharam para que este momento se concretizasse. No entanto, ressalta que ainda há muito o que ser feito.

“Fico feliz em ver muitas atletas sendo consideradas ídolas, era difícil ver mulheres assumindo esse papel e hoje em dia já vemos mais.

Ainda ĥá uma desigualdade maior de mulheres ocupando cargos importantes em grandes organizações esportivas em relação aos homens, acredito que a aceitação futura de mais mulheres em posição de poder dentro dessas organizações também se tornará mais natural.

Creio que estamos no caminho para que a igualdade de gênero se torne uma realidade no meio esportivo como um todo”, alerta Penalber.

O futuro no esporte

Sobre seu futuro no esporte, Giullia Penalber garante que seguirá treinando e competindo enquanto seu corpo permitir. Entretanto, avisa que tem mais planos pela frente após a Olimpíada.

“Quero aproveitar esse momento pós jogos para me recuperar e enquanto isso dar uma atenção maior a especializações na área de gestão esportiva, que é a forma que gostaria de seguir contribuindo com o esporte”, contou em entrevista exclusiva.
Foto: Reprodução / Instagram

Com vasta experiência nas artes marciais e um bom retrospecto neste último ciclo olímpico, a atleta tem grande potencial para ganhar a medalha de ouro em Paris 2024. Porém, para ela, o esporte é muito seletivo e, só o fato de um atleta de Wrestling chegar às Olimpíadas, já surge com chances de ganhar.

“A preparação que toda equipe tem feito é pra trazer uma medalha, não apenas para participar. Sabemos que tudo acontece nas Olimpíadas, e estamos preparados pra replicar o melhor que temos feito durante os treinos”, finalizou