Por Lucas Souza

Gilberto Passos Gil Moreira, nascido em Salvador, em 26 de junho de 1942, é um cantor, compositor, multi-instrumentista, produtor musical, político e escritor. Conhecido por sua relevante contribuição na música brasileira e pelo papel desempenhado como Ministro da Cultura do Brasil, embaixador da ONU para agricultura e alimentação, senador de Salvador eleito com o maior número de votos, presidente da Fundação Gregório de Matos, entre outros cargos, o artista é vencedor de prêmios como 3 Grammys de Best World Music Album, dois Grammys de Best Contemporary World Music Album, dois Golfinhos de Ouro, prêmio Polar de Música do ano (considerado o “Nobel da Música Popular”); além de possuir títulos como os de “Artista pela Paz”, pela UNESCO, Doutor Honoris Causa pela UFRJ, pela UERJ, pelo Instituto Federal da Bahia e pela Universidade Nova de Lisboa, entre outras. Terceiro homem negro a se tornar membro da Academia Brasileira de Letras, primeiro homem negro a integrar o Conselho de Cultura do Estado da Bahia, detentor da Ordem do Mérito Cultural e da Ordem Nacional do Mérito, concedidas pelo governo brasileiro e a Ordem Nacional da Legião de Honra, concedida pelo governo francês, entre outros.

Música

O diálogo do pop estrangeiro com as tradições brasileiras, registrando momentos históricos e movimentos musicais importantes através da junção de elementos que pareceriam inconciliáveis, bem como o engajamento vanguardista em questões políticas, sociais e estéticas do Brasil fazem com que seu percurso artístico se confunda com a própria trajetória da MPB. Em mais de 50 álbuns lançados, Gil incorpora influências de gêneros tipicamente brasileiros, da música africana, do rock, do reggae, do funk e da música disco. O toque de violão, ritmado e enérgico, se torna sua marca de modo a influenciar fortemente diversos outros artistas. Através de diferentes batidas, confere ao instrumento um swing, presente do samba ao xote, do reggae ao rock e produz o mesmo efeito com a voz ao deslocar acentos, variar figuras rítmicas e acelerar ou retardar em certas passagens, com breques, síncopas, gingados e improvisos.

Gil inicia sua vida musical na escola de acordeon, influenciado pelos arranjos de Dorival Caymmi e inspirado por sua maior referência da época, Luiz Gonzaga, passando a se interessar pelo violão após ter contato com a técnica inovadora de João Gilberto. Nessa fase também começa a escrever poemas, em sua maioria metrificados e influenciados pelos românticos Castro Alves e Gonçalves Dias, e o parnasiano Olavo Bilac. 

Na primeira fase, as composições de Gil oscilam entre a bossa nova e a canção de protesto, momento em que estava cursando administração na Universidade Federal da Bahia, onde promoveu e participou em eventos de vanguarda, como o Seminário de Música. É também o momento em que conhece Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Gosta e Tom Zé. Se apresentando em bares, Gil chama a atenção de Chico Buarque e da maior cantora da época, Elis Regina, que começa a cantar suas músicas. Com o sucesso da música “Louvação”, na voz de Elis, em 1966, Gil abre mão do emprego para se dedicar apenas à música, gravando seu primeiro LP em 1967, de mesmo título da canção.

Em 1967, Gilberto Gil rompe com o movimento contra a presença da guitarra elétrica na MPB, considerada uma marca da cultura estadunidense/inglesa e do comercialismo, o que inaugura uma nova fase em sua carreira, em que passa a questionar a “pureza” da cultura popular. A música “Domingo no Parque”, interpretada junto aos Mutantes no 3º Festival da Música Popular Brasileira, funde as sonoridades do berimbau à orquestra e às guitarras elétricas, ganhando o prêmio de segundo lugar. Ao lado de “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, a música torna-se um divisor de águas na cultura brasileira. A partir de então, até o fim de 1968, foi instalado um movimento revolucionário, influenciado pelo movimento antropofágico, batizado como Tropicália. O movimento defende a ruptura com o convencionalismo estético e a modernização da música brasileira por meio da incorporação antropofágica da cultura pop estrangeira (principalmente a psicodelia norte-americana), da arte de vanguarda e da chamada “corrente brega nativa”, tendo Gil como um dos principais expoentes, que incorpora também influências do afrobeat em suas gravações. O choque desse novo estilo disruptivo sobre cultura daquele momento, marcada pelos militares por uma tentativa de forjar e instrumentalizar um forte sentimento nacionalista representava, em última instância, uma afronta ao governo golpista.

Em dezembro de 1968, o artista é preso pela ditadura, juntamente com Caetano, sob a acusação de “incitar a juventude à rebeldia” e  pela “tentativa da quebra do direito e da ordem institucional”. Gil Ficou alguns meses no cárcere e alguns meses em regime de confinamento, partindo para o exílio na Inglaterra, após sua soltura, para escapar da perseguição política. O artista voltaria a ser detido pelos militares em 1976, por porte de maconha, momento em que seu julgamento fez com que, pela primeira vez, o debate sobre drogas fosse tema em toda imprensa nacional. Gil já havia sido censurado outras vezes pelo regime ditatorial, como quando foi impedido de interpretar “Cálice”, junto a Chico Buarque.

A música “Aquele Abraço”, uma crítica direta aos militares, gravada na véspera da partida ao exílio, se torna um dos maiores sucessos do ano no Brasil, uma das canções mais vendidas e topo das paradas, sendo premiada pelo Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro com o Golfinho de Ouro. Gilberto Gil nega o prêmio e, através de um forte posicionamento publicado no jornal O Pasquim, denuncia diretamente o racismo e o fascismo cultural da instituição, afirmando que o Museu errou na interpretação de sua letra. Sua fala, nesse contexto, é categórica e contraria à impressão de pessoa pouco combativa que alguns podem atribuir ao artista. Sua real personalidade é melhor representada, por exemplo, pelo trecho contido em um dos seus clássicos discos, trilha sonora do filme Quilombo (1984), de Cacá Diegues, em que Gil declara, na música “Zumbi”, que “a felicidade do negro é uma felicidade guerreira”. Contra o significado errôneo atribuído à música premiada, o artista afirma:

“Eu não tenho por que não recusar o prêmio dado para um samba que eles supõem ter sido feito zelando pela ‘pureza’ da música popular brasileira. Eu não tenho nada com essa pureza. Tenho três LPs gravados aí no Brasil que demonstram isso. E que fique claro para os que cortaram minha onda e minha barba que Aquele Abraço não significa que eu tenha me ‘regenerado’, que eu tenha me tornado ‘bom crioulo puxador de samba’ como eles querem que sejam todos os negros que realmente ‘sabem qual é o seu lugar’. Eu não sei qual é o meu e não estou em lugar nenhum; não estou mais servindo a mesa dos senhores brancos e nem estou mais triste na senzala em que eles estão transformando o Brasil”. 

Os anos 1970 marcam um maior engajamento com a negritude, principalmente após a participação no Festival Mundial de Arte Negra, na Nigéria. Nesse momento Gil conhece os músicos Fela Kuti e Stevie Wonder e passa a integrar em suas gravações alguns dos estilos que ouvira na África, como juju e highlife, como no caso da canção Refavela, que conecta as favelas cariocas e a população nigeriana. A busca de uma identidade afro-americana também aproxima Gil do reggae, principalmente em função da influência de Bob Marley, Jimmy Cliff e Burning Spear. Gil é um dos artistas que mais projetou o Brasil para o mundo com suas músicas, fortemente atravessadas pela aplicação das sabedorias das religiões de matriz africana combinadas ao esoterismo oriental, pela celebração da diáspora negra e pela denúncia do racismo. A historiadora Débora Fantini aponta na obra de Gilberto Gil uma afirmação da negritude, não como um indivíduo isolado, mas como sujeito envolvido nos múltiplos processos de construção de identidades e memórias sobre a presença do negro na formação da sociedade brasileira. 

Nos anos 1980 se inicia a fase pop da carreira, quando dialoga com as tendências de dança como o disco, o funk e o soul e retoma a incorporação de influências do rock e do punk. Nos anos 2000, retoma  elementos musicais nordestinos e volta às primeiras influências, como Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga, momento em que compõe xotes e baiões, regravando alguns clássicos desses gêneros.

Política

Em 27 de junho de 2007, no Seminário Internacional de Diversidade Cultural, O Ministro da Cultura Gilberto Gil comentava a respeito de como o discurso hegemônico pós-queda da União Soviética declarou a ineficiência do Estado na formulação de políticas para o desenvolvimento e depositou as esperanças nas forças autoreguladoras do mercado para a promoção da liberdade, diversidade pluralidade em nome do interesse público e do desenvolvimento social. Gil, no entanto, aponta como esse discurso hegemônico, ao ser aplicado na práxis política mundial, gerou altos danos às instituições culturais, de modo que muitas foram desativadas, incentivos foram suspensos, comunidades foram abandonadas e mercados culturais foram desregulados e predados, o que teve como resultado a supressão da pluralidade nos meios de comunicação social e na cultura em geral. 

Negando o prognóstico de “fim da história”, o Ministro declara que a política institucional ressurge, atualizada em sua capilaridade, ganhando importância no agenciamento das diferenças, promovendo novos direitos frente às tecnologias, reconhecendo modos de existência simbólica e criando formas mais saudáveis de resolver conflitos. O fenômeno da luta pela diversidade emerge desse processo rumo a se tornar uma convenção entre os povos e um exercício de multilateralismo. As multidões que emergem tornam-se sujeitos de sua própria história e buscam uma cidadania plena, não mais se contentando somente com o direito elementar à alimentação e à educação básica e massiva, ou o acesso de via única ao que o Estado define como Cultura, mas exigindo consumir e produzir cultura em meio a seu direito de viver com seus próprios sistemas de crenças e valores em plena liberdade.

No Governo Lula, durante a atuação de Gilberto Gil na linha de frente do Ministério da Cultura, o Estado desenvolveu, pela primeira vez, políticas públicas culturais em uma circunstância democrática. As três tradições que marcaram as políticas culturais nacionais – ausências, autoritarismos e instabilidades – foram enfrentadas, através da construção do Plano Nacional de Cultura, do Sistema Nacional de Cultura e de programas como o Cultura Viva e o Mais Cultura, causando alterações expressivas na práxis político-cultural. 

Os primeiros anos de gestão alçaram o ministério a um patamar de importância e destaque na cena política nacional e na mídia que não havia sido alcançado até então, parte disso em função do capital simbólico de Gilberto Gil. O ministro enfatizou continuamente a importância do papel ativo do estado na formulação e na implementação de políticas para esse meio, criticando frequentemente a gestão de FHC e de seu Ministro da Cultura, Weffort, em suas práticas neoliberais de ausência do Estado, com sua substituição e sua submissão ao mercado através das leis de incentivo. No último ano da gestão FHC, a destinação do orçamento da União para a cultura foi definida em apenas 0,14%. A luta pela  ampliação do  orçamento  do Ministério da Cultura foi uma  das  prioridades do governo Lula, partindo da visão do setor cultural como uma das prioridades para o desenvolvimento, setor o qual deveria ter como principal frente a diversidade cultural e trazer a questão da cidadania cultural plena para o centro do debate. 

É nesse contexto que é elaborado o Plano Nacional de Cultura – documento base para pautar as medidas que seriam implementadas. A Emenda Constitucional que o instituiu previa que essas políticas deveriam conduzir à defesa e à valorização do patrimônio cultural brasileiro, à produção, promoção e difusão de bens culturais, à formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões, à democratização do acesso aos bens da cultura e à valorização da diversidade étnica e regional. Com o objetivo de criar um arcabouço institucional mínimo que colabore para a estruturação e consolidação de políticas culturais democráticas, foi desenvolvido o Sistema Nacional de Cultura.

Gil, em seus discursos frente ao ministério, falava em introduzir a tecnologia no fazer cultural e configurar a cultura de modo interconectado em rede em uma época onde isso era altamente disruptivo e inovador, influenciando o modo de fazer cultura a partir desse momento até os dias atuais. Defensor da liberdade digital e da disponibilização de banda larga para todos os brasileiros, em consonância com o movimento software livre e a filosofia hacker, Gilberto Gil sempre demonstrou ter o olhar direcionado às inovações tecnológicas de sua época. O artista foi o pioneiro do Brasil em imortalizar sua obra disponibilizando sua carreira inteira na internet, através do YouTube, e seu disco “Pela Internet”, muito antes da tecnologia da informação ser massiva, entrou para a história como a primeira música a ser transmitida em um show ao vivo pela rede de computadores em 1996. Os termos ‘hacker‘, ‘vírus’, ‘site’, ‘homepage’e, de certa forma, o próprio conceito de redes sociais, já estão presentes na música, que referencia o primeiro samba gravado da história do Brasil, “Pelo Telefone”.

Num cenário em que 90% dos municípios não possuíam qualquer tipo de equipamento cultural e apenas 10% dos cidadãos tinham acesso ao cinema, os Programas Cultura Viva e Mais Cultura surgem, na gestão Gil, com objetivo de desenvolver as condições necessárias à democratização do acesso, à produção e à livre manifestação no âmbito cultural, permitindo que as atividades culturais atuem em função de melhorar a qualidade de vida do ambiente onde se propagam. Para isso foi desenvolvida uma rede de pontos de cultura – base do programa Cultura Viva, que trabalhariam com software livre e receberiam um kit multimídia para realizar suas produções, contando também com ações de cultura digital voltadas à formação em tecnologia junto a esses pontos.  O Programa Mais Cultura estabelecia a meta de levar esses pontos às áreas marginalizadas e expostas à violência e fragilizadas em termos econômicos, sociais e educacionais, bem como modernizar bibliotecas e equipamentos culturais, promover linhas de financiamento para micro, pequenas e médias empresas, apoiar a produção de programas de qualidade para a nova televisão pública, produzir 9 milhões de livros a preço popular e disponibilizar um vale-cultura (semelhante ao vale-alimentação). Como resultado, em 2010 o número de pontos de cultura já ultrapassava 2.500, que alcançam de forma direta as comunidades carentes de nosso país e vem possibilitando o desenvolvimento de autônomo das suas atividades culturais, desempenhando um importante papel no reconhecimento do Brasil profundo e servindo de exemplo para vários países  do mundo.

Contra o autoritarismo e o elitismo, em função da democratização das políticas culturais, uma outra frente da gestão Gil,  que se deu no âmbito do discurso, foi a ampliação do conceito de cultura, optando por uma definição mais ligado à antropológica. A tridimensionalidade da cultura – a linha conceitual que guiou as ações promovidas nesse período, contemplava três dimensões:a simbólica, relacionada ao cultivo (raiz da palavra cultura) das infinitas possibilidades de criação expressas nas práticas sociais, nos modos de vida e nas visões do mundo; a dimensão cidadã, relacionada ao reconhecimento do acesso à cultura como um direito e da sua importância para a qualidade de vida e a dimensão econômica, relacionada ao potencial da cultura como vetor de desenvolvimento e importante fonte geradora de trabalho e renda, fundamental para o crescimento econômico brasileiro. 

A partir dessa visão mais ampla da cultura, o ministério passa a participar de forma mais ativa junto à Secretaria de Políticas Culturais e ao Ministério das Relações Exteriores nos debates internacionais sobre política cultural e diversidade, estabelecendo intercâmbios com países africanos e latinoamericanos, bem como travando um forte diálogo conceitual e parcerias com a UNESCO, cumprindo um papel fundamental no processo de construção da Convenção da Diversidade Cultural, em que Brasil teve uma atuação destacada durante todo o processo de construção e aprovação do documento internacional.

Essa atualização conceitual permitiu também que o ministério não se limitasse à cultura erudita e abrisse suas fronteiras para outras modalidades de culturas, como as indígenas (em relação às quais a gestão Gil foi pioneira no fornecimento de apoio institucional), populares, afro-brasileiras, de gênero, de orientações sexuais diversas, das periferias, do audiovisual, das redes informáticas, entre outras. É nesse sentido que a Secretaria de Identidade e Diversidade Cultural (SID) começa a atuar voltada a um público alvo em sua maioria nunca antes contemplado por políticas públicas, promovendo uma série de ações variadas para essas culturas não hegemônicas. A diversidade, nesse contexto, ao invés de se tornar uma síntese – como no recurso à mestiçagem durante a Era Vargas e na lógica integradora dos governos militares, ou se reduzir à narrativa neoliberal de diversidade de ofertas em um mercado cultural globalizado, se direciona à exploração das múltiplas manifestações culturais, em suas variadas matrizes regionais étnicas, religiosas e de gênero.  

Durante essa gestão o ministério atuou junto ao movimento negro brasileiro em função da modernização, democratização e ampliação de suas ações, participando ativamente, entre outras frentes, na campanha  pela  implantação do sistema de cotas raciais e no Movimento Contra a Intolerância Religiosa. Nesse contexto ocorre também o maior evento  político-cultural de origem africana  já  realizado na história  do Brasil, a  II  Conferência dos Intelectuais  da África  e  da  Diáspora, presidida pelo Ministro Gilberto Gil, que  contou com a  participação do Presidente Lula, de Chefes de Estados de 13 países africanos e mais  de 2.000 intelectuais  da  África  e  da  Diáspora.  Nesse contexto a Fundação Cultural Palmares, que age sob o direcionamento do Ministério da Cultura, contribui para a formatação do Decreto 4.887/2003 – que regulamenta o reconhecimento e a titulação das terras remanescentes de quilombos, possibilitando que tenhamos hoje 1432 comunidades reconhecidas, assim como contribui, também, com a promoção de ações junto aos países Angola, Moçambique, Cabo Verde, Senegal, entre outros, e  com a realização de duas edições do Festival África/Brasil, em parceria com o Programa de Desenvolvimento das  Nações  Unidas  no Brasil.

Outra esfera em que a atuação do Ministério da Cultura foi decisiva durante a gestão Gil foi a da pesquisa. Nesse período, visando preencher lacunas históricas do setor da Cultura, a Secretaria de Políticas Culturais iniciou um importante diálogo com os órgãos de pesquisa federais, principalmente o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em função de propor a produção e a sistematização das informações sobre o campo cultural, no sentido de fornecer uma base fundamental não só para metrificar o peso da cultura no desenvolvimento econômico e social, como também para possibilitar os processos de elaboração de novas políticas culturais e para fornecer os dados necessários ao desenvolvimento de estudos acadêmicos voltados a esse setor.