General Augusto Heleno se descontrola na CPMI dos atos golpistas
O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, compareceu nesta terça-feira (26) perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. Durante a sessão, o general fez uma defesa enfática do ex-presidente e contradisse depoimentos anteriores de outros militares. O que prometia ser uma sessão de esclarecimentos, acabou envolta em polêmica, com Augusto Heleno protagonizando momentos de exaltação e um deputado bolsonarista sendo expulso da sessão.
Por Gustavo Becker N. Simões
O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, compareceu nesta terça-feira (26) perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. Durante a sessão, o general fez uma defesa enfática do ex-presidente e contradisse depoimentos anteriores de outros militares. O que prometia ser uma sessão de esclarecimentos, acabou envolta em polêmica, com Augusto Heleno protagonizando momentos de exaltação e um deputado bolsonarista sendo expulso da sessão.
Durante seu depoimento, Heleno negou ter conhecimento de uma reunião ocorrida em 24 de novembro, na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro teria supostamente buscado o apoio das Forças Armadas para um golpe de Estado. Naquela ocasião, o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, teria ameaçado dar voz de prisão ao ex-presidente.
“Jamais me vali de reuniões, palestras ou conversas para tratar de assuntos eleitorais ou políticos partidários com meus subordinados no GSI. Não havia clima para isso e o único ser político do GSI era eu mesmo”, afirmou Heleno. Ele também alegou não ter relação com nenhum dos alvos da CPMI.
Durante o depoimento, o general protagonizou momentos de descontrole. Quando questionado pela senadora Eliziane Gama sobre a possibilidade de fraude nas eleições de 2022, Heleno negou qualquer fraude e declarou que “já tem um novo presidente da República”. A senadora rebateu, alegando que ele havia mudado de opinião, o que levou o ex-ministro a proferir um palavrão e expressar irritação.
Outro ponto polêmico do depoimento foi a negação de Augusto Heleno em relação à participação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em reuniões com os comandantes das Forças Armadas. De acordo com vazamentos de depoimento de Cid, Bolsonaro teria consultado os chefes militares sobre um possível apoio a uma minuta golpista durante uma dessas reuniões. O general Heleno afirmou categoricamente que Mauro Cid não participava de tais encontros e classificou as alegações como “fantasia”.
No entanto, o deputado Rogério Correia (PT-MG) contrapôs essa afirmação com fotos postadas pela comunicação oficial do Planalto, que mostravam Mauro Cid e Heleno presentes em reuniões com os comandantes das Forças Armadas.
O depoimento de Heleno, que já estava conturbado, foi suspenso por cerca de uma hora e meia no início da tarde devido a um tumulto causado pelo deputado federal Abílio Brunini, um conhecido bolsonarista que tem o hábito de interromper adversários políticos durante sessões no Congresso. Brunini se envolveu em uma confusão com a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) durante uma discussão entre a parlamentar e o general Heleno.
Duda questionou o ex-ministro, entre outras coisas, sobre a Operação Punho de Ferro, no Haiti, e disse que, “se houver justiça” no Brasil, ele deve sair preso da CPMI.
“Essa é uma afirmativa mentirosa. Se eu quiser, eu vou para a Justiça, processo o senhor e boto o senhor na cadeia”, retrucou Augusto Heleno em uma declaração transfóbica.
“É senhora. E não vai me ameaçar, não. O senhor coordenou a Operação Punho de Ferro, no Haiti, que resultou em massacre em um bairro pobre com morte de crianças e mulheres”, respondeu Salabert.